Voláteis

Um dia fui à livraria, pois já havia terminado de ler um livro e estava querendo começar outro. No entanto, dessa vez, eu não procurava mais uma literatura estrangeira, que é o que eu, e creio que a maioria das pessoas, mais leio. Dessa vez eu queria algo novo, diferente. Portanto, fui direto à sessão de literatura brasileira. Estando lá, não busquei por livros conhecidos, dos quais eu já havia sido indicada ou nada do tipo, o meu gosto pelos livros é meio estranho. Na verdade, eu nem gosto muito que as pessoas me indiquem, isso faz com que, de alguma forma, o livro perca o “encanto”. Digo isso porque os livros dos quais eu mais gostei foram exatamente os que eu mesma escolhi, sem a interferência de ninguém.

Realizei, portanto, o meu ritual de sempre. Fui à livraria, olhei os livros, um por um, na sessão brasileira e, de repente, um livro em especial me chamou a atenção. Era um livro do qual eu nunca tinha ouvido falar, muito menos do autor, mas que, de alguma forma, me conquistou. Gostei da imagem da capa, do título e, quando o abri, adorei o modo como ele era dividido. O motivo pelo o qual eu não reconheci o autor foi pelo fato de ele realmente não ser um autor conhecido e, devido a isso, estar no projeto Coleção Fora dos Eixos, que pretende revelar talentos literários fora do eixo Rio-São Paulo.

Nem coitados, nem ignorados

O Brasil é um país que, cada vez mais, trabalha para promover a inclusão social. Entretanto, seus avanços ainda não foram suficientes para alcançar todos; o preconceito dos brasileiros ainda existe e é bastante perceptível; e, além disso, o pior é observar o descaso tanto dos cidadãos, como dos setores - públicos e privados - em relação às diferenças, principalmente as limitações - sejam elas físicas ou psíquicas.

Para algumas pessoas, uma escada pode ser um obstáculo impossível de ser superado sozinho, mas, ainda assim, não vemos rampas o suficiente - e, quando há, muitas vezes são colocadas apenas com o intuito de facilitar o transporte de mercadorias em carrinhos. Casos como esses, que aceitamos como normais, contribuem para o isolamento de pessoas com limitações físicas.

As mudanças do mundo moderno


No dia a dia corrido que temos hoje, cheio de compromissos e afazeres de todos os tipos - que vão da simples tarefa de arrumar o quarto ao término daquele trabalho, não tão simples assim, que o professor passou semana passada -, acabamos adquirindo o hábito, por vezes inconsciente, de poupar tanto tempo quanto for possível, de economizá-lo. Estamos sempre procurando formas mais rápidas para fazer aquelas atividades que podem ser "apressadas".

Em meio a essa correria, acabamos deixando pra trás pequenas coisas, ações banais que para muitos talvez não façam diferença, mas que para outros podem ter um enorme significado. Enquanto estamos ocupados, o tempo vai passando, novas tecnologias vão surgindo, tudo ao nosso redor vai se transformando, adaptando-se aos novos hábitos da sociedade.

Nada acontece do dia para a noite, as mudanças ocorrem gradualmente e mal percebemos. Estamos ocupados demais "vivendo" e, quando nos damos conta, já passou. Ações simples como o ato de ir a uma locadora de filmes, por exemplo, é algo que me fará muita falta caso desapareça por completo. Essa é uma atitude que já vemos com pouca frequência atualmente, daqui a alguns anos talvez não vejamos de fato.

Meia verdade, mentira completa

Charles Foster Kane, dono do maior império jornalístico americano, na primeira metade do século vinte, conseguiu ser vítima da pobreza e da riqueza e ainda sair da vida para entrar na história como um vilão. Tudo isso em uma só vida. Trata-se aqui de uma obra fictícia, o filme Citizen Kane (“Cidadão Kane”, no Brasil), dirigido, escrito e interpretado por Orson Welles, em 1941.

A obra é conhecida principalmente por suas contribuições técnicas, que produziram uma profunda inflexão sobre o curso da linguagem cinematográfica. Muitos a consideram a obra mais importante desde a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière. Por outro lado, há um vasto e profícuo conteúdo social e político a ser discutido.

As boas mulheres da China


"Qual é a filosofia das mulheres? O que é a felicidade para uma mulher? O que faz uma boa mulher?"

Foi se fazendo essas três perguntas que Xinran desenvolveu o trabalho que deu origem ao livro "As boas mulheres da China", o qual indico fortemente.

Xinran é uma mulher chinesa, jornalista e escritora crescida durante a Revolução Cultural do seu país. Em uma manhã de 1989, ao chegar na rádio em que trabalhava, recebeu uma carta de um garoto, na qual ele denunciava um caso em que um homem de sessenta anos mantinha presa uma mulher nova - esposa que comprou, provavelmente raptada - presa com uma grossa corrente de ferro para que ela não fugisse dele. A jovem estava prestes a morrer e o garoto pedia a ajuda de Xinran, devido à influência dela. 

A fascinante Sétima Arte

Sou fanática pelo cinema (fato que você já deve ter percebido devido a se tratar de um tema frequente nos meus textos). Os filmes sempre foram uma grande paixão minha, tanto que passo noites e mais noites sem dormir assistindo-os. Há algum tempo comecei a pesquisar mais sobre o assunto - pesquisei sobre a origem e a evolução dessa incrível forma de expressão - e acabei me apaixonando mais ainda.

Tudo começou quando os irmãos Lumiére, no ano de 1895, inventaram o cinematógrafo e ficaram conhecidos historicamente como os fundadores do cinema. Nesse mesmo ano, aconteceu também a primeira sessão de cinema, proporcionada justamente pelo trabalho desses franceses. Seus filmes eram pequenos, com aproximadamente três minutos cada, e dentre esses primeiros filmes a serem exibidos estava A Chegada do Trem na Estação, que mostrava, obviamente, a chegada de um trem a uma estação ferroviária. Reza a lenda que, conforme a locomotiva aproximava-se cada vez mais da câmera, os espectadores começaram a pensar que seriam atropelados pela máquina, correndo alucinadamente para fora das dependências do teatro. Era o início de uma das evoluções mais importantes da Era Pós-Industrial, ainda estranhada pelos olhos virgens da população ignóbil da época - e quando falo ignóbil, me refiro ao sentido tecnológico, não cultural. Nos dias atuais, um simples vídeo de três minutos com um trem chegando à estação pode parecer simplório e ser tachado como besteira, entretanto, imagine-se vivendo no século XIX, época na qual tudo referente à tecnologia era novidade, e me responda como você se sentiria e qual seria sua reação? Provavelmente a mesma do pequeno grupo de telespectadores dessa sessão de cinema.

A arte de Fábio Moon e Gabriel Bá

Minha caminhada como leitor foi grande, passei por várias fases - gibis, mangás, quadrinhos - até finalmente chegar à literatura. E ainda hoje tenho grande apreço por cada uma dessas fases. Portanto, não é segredo, pelo menos para os meus amigos, o fato de eu ser um grande fã de histórias em quadrinhos. Infelizmente, ainda hoje, as histórias em quadrinhos são tidas como uma espécie de "arte menor" por supostamente terem um conteúdo de teor infantil. Todavia, embora poucos tenham conhecimento, nem todos os quadrinhos são sobre crianças aventureiras e heróis superpoderosos, foi na Nona Arte que surgiram diversas obras-primas adultas, como Maus de Art Spiegelman, Persépolis de Marjane Satrapi, 300 de Frank Miller, V de Vingança de Alan Moore e Sandman de Neil Gaiman.

Se no mundo como um todo já há uma desvalorização das HQs, no Brasil esse problema é muito mais agravante. Essa ideia de a Nona Arte ser inferior talvez remeta ao fato de que não há no país a tradição dos quadrinhos voltados para o público jovem e adulto. No Brasil, o que temos são clássicos infantis, como a Turma da Mônica do Maurício de Sousa e o Menino Maluquinho do Ziraldo. Excelentes, sem dúvida, mas pouco atraentes para o público mais maduro.

Êxito

Como poucos devem saber, fui diagnosticado com depressão há alguns meses. Sim, eu, um jovem que "tem toda a vida pela frente" e tem como maior responsabilidade apenas ir para a universidade e tentar não reprovar novamente. Na época da confirmação das suspeitas sobre minha doença - chorar sem motivo aparente é um bom indício - eu ainda não tinha um cônjuge e nem acesso à fórmula da felicidade (Oxalato de Escitalopram, Exodus para os íntimos), ambos componente importantíssimos para o meu tratamento. Mas o ponto em que quero chegar é o da desmitificação da depressão como "frescura".

Depressão é sim uma doença, e uma das que mais causam mortes por todo o mundo, porém ela começou a ser estudada a fundo apenas a partir do início do século XX, ainda que haja registros de ocorrência dela de muito antes, inclusive na época de Hipócrates. Alguns de seus sintomas são humor deprimido, fadiga constante, insônia ou hipersonia, pensamento suicida e diminuição no prazer que se costumava sentir ao realizar certas atividades. A depressão é caracterizada por um desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro, como a serotonina, a qual é responsável pela sensação de euforia e controle do apetite e sono. E os remédios antidepressivos costumam atuar exatamente nessas substâncias. Além de ser importante citar que existem diversos tipos de depressão e que os efeitos dos remédios são diferentes para cada organismo.

Frustrações e lamentações

Estudar, estudar e estudar... Isso é o que a maioria das pessoas espera, hoje, de um jovem de 18 anos... Estar em uma boa faculdade e garantir seu futuro... Qualquer pequeno "desvio" é motivo de críticas e lamentações, vindo principalmente dos mais velhos. Receber críticas e lamentações, acontece comigo quase todos os dias, e muitos devem passar pela mesma situação. Então, temos que aprender a conviver com isso, não é? Não! Por que temos que aceitar críticas de pessoas que querem tentar moldar o nosso futuro?!
"Você faz o que você ama, e que se foda o resto."


Fisicamente, larguei a faculdade. Não compareço às aulas desde junho, eu acho. Passei meses em um curso do qual não gostava e muito demorei para - finalmente - decidir tentar algo de novo na minha vida e prestar vestibular mais uma vez. Para quem leu o meu texto anterior, “Escolhas para o seu futuro”, já deve entender a minha história e o meu ponto de vista em relação a provas de vestibular e cursos.

O último dia

Acredito que, no fundo, todo mundo gosta de divagar no tempo. Algumas vezes, músicas dão um "empurrãozinho" e nos levam a lugares que talvez não existam e que nos fazem, de certa forma, viver situações que provavelmente nunca acontecerão. Recentemente, enquanto estava ouvindo música no modo aleatório, a  faixa O último dia, do Paulinho Moska, começou a tocar e me suscitou a seguinte reflexão: o que eu faria do dia de hoje se soubesse que amanhã D̶e̶u̶s̶ ̶i̶r̶i̶a̶ ̶a̶p̶e̶r̶t̶a̶r̶ ̶o̶ ̶b̶o̶t̶ã̶o̶ ̶"̶d̶e̶l̶e̶t̶e̶"̶ ̶d̶o̶ ̶m̶u̶n̶do o mundo iria acabar? 
Consequentemente, passei muito tempo pensando sobre o que eu faria se o mundo acabasse. Inúmeras situações surgiram na minha mente e nenhuma delas - exceto a que eu pensava em manter ao meu lado as pessoas que amo - eu teria coragem de fazer se não tivesse a plena certeza de que o mundo iria acabar amanhã. Creio que muitos de vocês - ou até todos - pensariam também em praticar atitudes ilícitas.  Há tantas coisas que queremos fazer e, por algum motivo, acabamos deixando para outra hora. Há tantas vontades que temos e que, por conta dos valores que a sociedade nos impõe, não são realizadas. E quando pensamos em uma situação em que podemos perder a vida, nada (ou quase nada) mais importa, assim faríamos coisas como aquelas retratadas na música de Paulinho Moska: "abria a porta do hospício", "dinamitava o meu carro", "parava o tráfego e ria" etc.

Vendados e vendidos

Um mundo em que as pessoas encerram os limites de seus conhecimentos, consumindo todo o seu tempo em torno de pouca coisa. Um mundo em que o habitante ideal procura conhecer cada vez mais sobre cada vez menos, saber tudo sobre nada e voltar seu conhecimento para si mesmo, ignorando sua função social. Um mundo voltado quase que exclusivamente para o mercado e que abriga habitantes que se submetem a essa lógica, definindo o comodismo e a apatia individualista de suas vidas. Afinal, para esses estrangeiros do mundo real, nenhum conhecimento vale a pena caso não encurte a distância entre nós e o lucro. Essa é a universidade, mais uma instituição descaracterizada e submetida a objetivos mercadológicos.

A explosão do RAP no cenário brasileiro

O RAP - termo que significa rhythm and poetry (ritmo e poesia) - surgiu na Jamaica na década de 1960. Esse gênero musical foi levado pelos jamaicanos para os Estados Unidos, mais especificamente para os bairros pobres de Nova York, no começo da década de 1970. Jovens de origem negra e latina, em busca de uma sonoridade nova, deram um significativo impulso ao RAP.

Esse ritmo veio evoluindo desde 1986, quando apareceu no cenário brasileiro e,  hoje em dia, vários ritmos foram adicionados às letras ritmadas, como, por exemplo, o samba, o rock e o reggae, e assim o público brasileiro foi tomando gosto pelo estilo de música que muito já sofreu preconceito por ser vista como música de periferia e associada à criminalidade.

Regresso?


É muito comum associarmos juventude à rebeldia. Ou pelo menos é normal esperarmos dos jovens que eles se inquietem com os padrões estabelecidos pela sociedade e que, consequentemente, anseiem por mudança. Isso era, pelo menos, o que estávamos acostumados a esperar dos jovens das décadas de 50 e 60, por exemplo. Costumávamos sentir deles uma grande determinação e necessidade de abolir a ordem natural e positiva das coisas. Tais jovens desejavam este perfeito igualitarismo e o fim de todas as inibições de tal forma que procuravam obtê-los através de revoluções, como fizeram os jovens, grande maioria parisienses, em maio de 1968 na Revolução Cultural de Sorbonne, cujo lema era "é proibido proibir".

Se olharmos para a juventude após essa revolução, mais precisamente a juventude pós-moderna, e a compararmos com a das décadas passadas, podemos afirmar que a Revolução de Sorbonne realmente modificou os costumes, hábitos e modos de ser dos jovens. Nesse sentido, podemos perceber neles vestimentas mais extravagantes, e até "imorais", e o uso de um palavreado mais adulterado.Contudo, parece que essas mudanças param por aí. Se olharmos com um olhar mais aprofundado, o que realmente se percebe é que a forma de pensar desses jovens parece ter sofrido um "revertério" e os antigos ideais foram substituídos por ideais cada vez mais conservadores. Fazendo, portanto, com que a revolução pareça ter tido um resultado completamente oposto ao desejado.

A leitura é a base do mundo

"A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional." (Umberto Eco)

Na era tecnológica na qual vivemos, as pessoas parecem estar deixando cada vez mais a leitura de lado e dando prioridade a coisas fúteis e desnecessárias que o mercado nos apresenta: seja a adaptação de um livro para as telas do cinema – que muitas pessoas deixam de ler a obra já que ver o filme é "mais divertido" –, ou seja, as novas tecnologias que surgem a todo momento, que servem para induzir o consumidor a escolhê-las ao invés de um simples monte de papel. Mas o que as pessoas estão esquecendo é que a leitura é fundamental para o ser humano, para a sociedade e para a vida. Imagine você, que está lendo este blog agora, o que seria do mundo sem a leitura, sem a fantasia, sem a magia, sem o mistério e sem o conhecimento advindo dos mais diversos tempos e mentalidades? Pois é, um grande vazio.

Especial: Dia da Consciência Negra

Hoje, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. Ou Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em termos oficiais. E nenhum tema tem mais a ver com o Fragmentos do que a discussão que essa data comemorativa promove. Diferentes e iguais a um só tempo, o conjunto de membros que formam este blog representam uma parte da enorme diversidade da sociedade brasileira. Por isso e pela importância socioeducativa desse dia, não poderíamos deixar de falar sobre a discriminação racial e a exclusão social praticadas por essa humanidade que não aprendeu a valorizar sua própria diversidade.

A construção e a apreensão de novos saberes impulsionam o processo de transformação psicológica, motora e cognitiva do ser humano, fundamentando nossas ações, que, por sua vez, tecem e são tecidas por nossa cultura. Sendo assim, (muito) ao contrário do que pensa o homofóbico J. R. Guzzo, articulista da decadente, desonesta, anencéfala, estúpida, antiética e reacionária revista Veja, as conquistas sociais e democráticas não são decorrentes do "avanço natural das sociedades no caminho da liberdade". São nossas ações, fundamentadas em nosso conhecimento e visão de mundo, que provocam quaisquer mudanças. Embora ajam diversos obstáculos e grandes limitações sociais, também produzidos por pessoas semelhantes e estranhas a nós, somos todos protagonistas de nossas histórias e, portanto, responsáveis por nossa sociedade (ou pelo que dela será).

Nesse sentido, se não conhecemos pelo menos a superfície dos acontecimentos e as lutas empreendidas por todo o mundo, podemos cair no lugar-comum da ignorância conservadora, aquela mesma que diz que, já que não existem raças biológicas, não há racismo no Brasil nem alhures. Ou que, em terra de dândis ilibados, não há discriminação racial, o que há são problemas de ordem exclusivamente socioeconômica. Ou ainda formulações aparentemente mais elaboradas como a do sociólogo Demétrio Magnoli (o herói da Globo, da Veja e de seu congênere "intelectual", o Instituto Millenium), que trabalha com a ideia de que existe racismo em nosso país – há algum tempo, dizia que era apenas uma invenção histórica –, mas que não existe uma difusão popular do problema, a qual, segundo ele, alcançará níveis estratosféricos com a implementação das cotas raciais nas universidades brasileiras e em certos concursos públicos, pois garantirá privilégios a grupos específicos da sociedade.

Será que o "racismo à moda brasileira" não está suficientemente difundido? Será que dizer que as cotas raciais institucionalizarão o preconceito e a discriminação, fazendo com que alcancem espaços ainda não "afetados" e comprometam a qualidade das instituições públicas de ensino superior, não denotam profundo desconhecimento da realidade educacional, inclusive de instituições onde cotas já entraram em vigor há alguns anos, e das condições em que a comunidade negra vive?

De fato, a discriminação racial no Brasil não apresenta determinadas características como a que é observada nos Estados Unidos, onde a causa negra ganhou repercussão internacional por meio das figuras de Martin Luther King, Malcom X e das ações abomináveis da Ku Klux Klan, grupo formado por brancos protestantes que praticava forte violência contra negros, católicos, judeus e imigrantes. Não temos, como nos EUA, por exemplo, greves em que os trabalhadores paralisam fábricas inteiras para impedir a contratação de negras e negros. No entanto, o pensamento obtuso desses "intelectuais" quer diminuir o impacto da violência da discriminação à brasileira ao não considerar a grande e negativa relevância das inúmeras piadas racistas; dos comentários depreciativos; da violência física; dos baixos salários, que são menores que os baixos salários da população branca; da repressão policial; da criminalização da cor da pele e da pobreza; do desrespeito à cultura e à propriedade das comunidades remanescentes de quilombos etc. Diante disso, ainda dizem que o movimento negro exige privilégios, não direitos iguais. 

Obviamente, a discussão sobre cotas raciais rende muito mais e é muito mais complexa do que isso, mas é importante ressaltar o seu papel no atual contexto do movimento negro brasileiro, que é o mais bem organizado e popularizado do gênero no país. Notamos, a partir dessas breves colocações, que ainda há muito a ser conhecido, e sempre haverá. Daí a importância de uma data comemorativa como o Dia da Consciência Negra.

Apesar da persistência da discriminação racial, muitas conquistas foram alcançadas no último século. As primeiras personagens negras do cinema, por exemplo, foram representadas durante as primeiras décadas do século XX apenas como vilões ou empregados. A discussão racial foi definitivamente introduzida no grande cinema americano apenas a partir das décadas de 1950 e 1960, quando filmes como Giant ("Assim Caminha a Humanidade", George Stevens) e To Kill a Mockingbird ("O Sol é para Todos", Robert Mulligan) fizeram sucesso nos Estados Unidos. Ainda eram produções que traziam protagonistas brancos, como Gregory Peck, Elizabeth Taylor, Rock Hudson e James Dean, colocando negros, indígenas e latinos como coadjuvantes de suas próprias vidas, vítimas inertes e incapazes de resistir ao preconceito e à discriminação, mas que já representavam um importante avanço na luta pela visibilidade e inclusão social das raças oprimidas.

Entretanto, essa não era uma exclusividade do cinema. Esse era o pensamento que fundamentava as reflexões desse período sobre as "minorias" sociais. Em contraposição a Gilberto Freyre, que destacava as relações harmoniosas entre senhores e escravos, historiadores da década de 1960 e 1970 enxergaram apenas o caráter perverso do sistema escravista e o poder de uns sobre outros, desvalorizando as diversas formas de resistência dos escravos e o seu protagonismo nas transformações sofridas pela sociedade brasileira. 

Negar seu protagonismo e a pressão social exercida por suas ações implica em dizer que o abolicionismo foi fruto apenas das poesias de Castro Alves e Luiz Gama, dos discursos de Joaquim Nabuco, da consciência ética das elites e da benevolência da princesa Isabel. Não podemos negar, portanto, que os negros estavam na linha de frente dessas mudanças e foram os principais responsáveis pela modificação de sua própria condição. São, pois, inteligentes e capazes. Diferentes e iguais aos outros. Isso é "consciência negra".

Com o objetivo de exaltar as origens africanas do Brasil, promover debates acerca da participação das negras e dos negros na construção do país, incitar discussões sobre formas de inclusão social e denunciar o racismo existente na sociedade brasileira, o Dia da Consciência Negra celebra o movimento de resistência dos escravos no passado colonial.
Até o início da década de 1970, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU) preferia ressaltar a data da abolição oficial da escravidão como a principal comemoração afrodescendente do Brasil. No entanto, o dia 13 de maio infelizmente faz lembrar pouco além de um decreto imperial assinado por uma princesa bondosa. Nesse caso, o protagonismo combativo histórico dos escravos não passava de coadjuvante político e simbólico. Então, a partir da iniciativa do Grupo Palmares de Porto Alegre, a necessidade de uma representação personificada das resistências ao sistema escravista protagonizadas pelos próprios escravos foi ganhando repercussão e apoio por todo o país. Em 1978, o MNU assumiria, em congresso, a responsabilidade pela propaganda do Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado em 20 de novembro, em alusão ao ano de 1695, possível data da morte de Zumbi dos Palmares, verdadeiro e, de certa forma, contraditório mártir da resistência escrava. Heroicizado pela historiografia como líder de um suposto movimento de contestação à estrutura escravista e de defesa da liberdade negra e da justiça social, Zumbi carrega em sua inicial a letra "Z", que, no grego antigo, significa "ele está vivo". Decerto, politicamente está. 

Duas décadas depois, a data comemorativa começa a ser adotada como feriado municipal, como na capital fluminense a partir de 1999, e estadual, como no mesmo estado do Rio de Janeiro em 2002. Em 2003, Lula sancionou a lei nº 10.639, que, além de tornar obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino básico, incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. Oito anos mais tarde, outra importante conquista do MNU, nesse sentido, foi alcançada a partir da lei nº 12.519, que instituiu, oficialmente, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.


Com lembranças para o senador Mário Couto (PSDB-PA) e para a professora universitária Daniela Cordovil (UEPA), divulgamos os pensamentos e as ações das grandes figuras públicas que lutaram pelos direitos das negras e dos negros pelo mundo. Personagens que representam uma multidão que os ensinaram, seguiram e que com eles aprenderam... Com a palavra, os negros, heterossexuais, asiáticos, mulheres, gordos, lésbicas, ricos, brancos, gays, cabras, pobres e magros do Fragmentos:

O punk cigano de Gogol Bordello

Há quem diga que nos últimos anos ninguém mais fez nada novo na música. Discordo. Claro que tenho uma espécie de saudade das cenas musicais já passadas, principalmente das que surgiram a partir da segunda metade do século XX – e tenho uma certa inveja daqueles que a viveram. Entretanto, apesar de as bandas exibidas pela mídia atualmente – e, logo, que fazem mais sucesso – não saírem muito da sua zona de conforto, mostrando muitas vezes a mesma música facilmente comercializada, e, mesmo quando vemos alguns artistas mais "arriscados" em grandes veículos midiáticos, como, por exemplo, Lady Gaga e Marilyn Manson – que, embora sejam dois artistas que eu admiro, uma vez que adoro o fato de Manson não ter medo de fazer provocações às instituições religiosas e Lady Gaga ter acabado com o padrão de estética de "princesa do pop" na música desse gênero com sua esquisitice (por mais que ela seja, sim, um produto muito bem criado) –, pode-se perceber que, na verdade, eles só são uma junção de tudo aquilo que já foi feito por outros artistas antes – como Madonna e David Bowie, Alice Cooper e Iggy Pop –  sem mostrar uma característica própria.

Experiência

Ele era branco, tinha as costas arqueadas para frente, trazia na pele as marcas do tempo, as marcas que encontramos, invariavelmente, na fisionomia daqueles que já passaram dos 60. Mas ele, bem... ele já passara há muito dos 60, arrisco dizer que já chegara aos 75, mas parecia já ter ultrapassado os 80, pois o tempo, o  trabalho árduo de sol a sol e  a vida de proletário o castigaram bastante. Ele era somente mais um daqueles anciões que sentam frente a suas casas para observar o movimento da rua e, na cabeça, aquele filme feito de um amontoado interminável de lembranças.

Esse senhor - infelizmente não sei seu nome - passava diariamente pela rua de minha antiga casa, com um gaiola na mão, bem cedo. Ia passarinhar em algum lugar, alguma mata que ainda tivesse pássaros. Um transeunte de passos lentos e curtos, mas não, não moribundos, eram passos fortes e vivos. Outras vezes, eu o via sozinho, na frente de sua casa de tijolo cru - ele morava só -, capinando, atento a tudo. Ele pensava que se parasse de trabalhar, tudo parava, inclusive sua vida. Parar é morrer e morrer é coisa que ele, sem dúvida, não queria. Eu via em seus olhos o gosto pela vida.

A importância dos referenciais

Por hora, somos jovens, mas, daqui a pouco tempo, seremos adultos, não pela idade, até porque não existe idade certa, mas porque estamos crescendo nem tanto e aí vem a faculdade, o trabalho, a família e teremos cada vez mais preocupações e responsabilidades. O tempo não para. Querendo ou não, as nossas atitudes de hoje influenciarão no que seremos no futuro. Estamos descobrindo quem somos, formando caráter e, para isso, inevitavelmente, buscamos referências, exemplos a seguir na sociedade, algo do tipo: "Quando crescer, eu serei igual a fulano!", que às vezes pensamos até inconscientemente. Lemos, escutamos músicas, assistimos a filmes, observamos os adultos que nos cercam e, de certa forma, somos uma mistura de tudo isso.

Outro dia, conversando com o meu pai, começamos a discutir sobre as referências que nós, jovens, temos hoje. O meio de comunicação de massa mais utilizado atualmente é a televisão – lê-se Rede Globo, terceira maior emissora de TV do mundo, mas que supera as outras duas em termos de manipulação influência –, que transforma em sucesso (referência) a maior parte do que divulga, priorizando o que dá mais lucro. Sendo assim, não é necessariamente por, digamos assim, merecer ser referência para a sociedade que muitas coisas acabam se tornando uma. São pequenos detalhes aos quais não estamos muito atentos e que acabam, muitas vezes, passando despercebidos no nosso dia a dia, mas que merecem uma maior atenção, pois podem trazer consequências desagradáveis dentro de poucos anos, visto que de alguma forma refletirão no nosso futuro não muito distante.

Meninas-mulheres e a infância perdida

Todos sabemos que as crianças têm o direito de viver sua infância. Isso até parece óbvio, no entanto, crianças vêm sendo expostas de maneira obscena em programas de TV e em concursos de "beleza mirim", onde passam por diversos tratamentos estéticos e comportamentais a fim de ficarem parecidas com miniaturas de modelos adultas, perdendo, dessa forma, a melhor parte de suas vidas: a infância.
 
É frustrante pensar que esses jovens seres passam por níveis de tensão tão desnecessários. As meninas precisam estar sempre perfeitas, parecendo bonecas,  mas agindo como se fossem adultas. As mães, que deveriam estar preocupadas com a educação delas, só pensam em satisfazer seus próprios egos. Afinal, não é para isso que expõem sem nenhum pudor as suas crias? Porque, se pararmos para pensar, esses concursos para escolher misses sei-lá-o-que só servem para isso mesmo, para consumar vontades e vaidades de alguns adultos.

Educação para o respeito às diferenças

A educação e os problemas relacionados à sua plena implementação compõem um tema que fundamenta algumas das principais discussões acerca dos obstáculos que impedem um melhor desenvolvimento social e humano. Essas dificuldades são ainda mais intensas e perceptíveis no ensino básico, setor em que, embora vejamos projetos como o da obrigatoriedade do ensino de História e cultura da África e o do malsucedido "kit contra a homofobia", a preocupação governamental brasileira é, há décadas, quase que exclusivamente quantitativa: matricular e aprovar um grande número de estudantes.

Hoje, pensamos em ensino formal e "educações" voltadas especificamente para crianças e jovens, mas nem sempre houve essa preocupação. Philippe Ariès, em sua "História Social da Criança e da Família", clássico da chamada História das mentalidades, demonstra como a noção de infância enquanto estágio específico do desenvolvimento humano é recente. Segundo o historiador, antes do século XVIII, a criança e o jovem eram vistos como adultos em miniatura, não possuindo, então, nenhuma particularidade. Os jogos dos quais participavam, suas roupas e sua sociabilidade eram os mesmos dos adultos. Portanto, a ideia de uma educação específica, de um ensino formal voltado para a formação e o desenvolvimento de aptidões básicas para o aprimoramento motor e cognitivo da criança e do adolescente, não é uma preocupação muito antiga.

Decorrente dessa mudança de mentalidade, a escola, como a conhecemos atualmente, é uma invenção ainda jovem. A Pedagogia, por exemplo, surge como conhecimento cientificamente organizado apenas na segunda metade do século XIX. Não por acaso, os nomes mais famosos a respeito do estudo da educação e de seus procedimentos psicológicos são intelectuais novecentistas (século XX): Piaget, Vigostsky, Paulo Freire. Sendo assim, alguns dos problemas com que nos deparamos no ensino básico só são entendidos como problemas há menos de duzentos anos. Já a intolerância e a discriminação, tão presentes no mundo escolar, ainda nem eram percebidas como problemas. Pelo contrário, havia estudos pseudocientíficos que justificavam a superioridade social dos brancos em relação aos negros e demais etnias não-europeias pelo seu suposto componente racial, naturalizando, por meio de observações das diversidades fenotípicas da (única) espécie humana, condições históricas de submissão compulsória. Eram concepções completamente etnocêntricas*.

O tabu da sexualidade nas escolas

Outro dia, eu estava assistindo por pura falta de opção ao Balanço Geral do Pará, na Record, e, bem, acho que já é um consenso que a qualidade jornalística do programa é lamentável, porém, ele conseguiu me surpreender quando tratou de orientação sexual nas escolas em uma de suas matérias.

Na dita matéria, que foi sobre uma escola, em Minas Gerais, a qual virou caso de polícia por tratar do assunto com crianças em torno de 10 anos de idade, o pseudo-jornalista, que, infelizmente, é um formador de opinião, utilizou-se de toda a sua artimanha para reforçar a ideia de que ensinar crianças e jovens sobre sexualidade nas escolas é um absurdo.

Esse excepcional jornalista usou argumentos como "essas crianças não estão preparadas para isso", "são perguntas que nem eu mesmo [como se ele fosse algum ponto de referência] teria coragem de perguntar à minha mãe" e outros como esses, sem embasamento algum para questionar a validade de perguntas como "o que é sexo anal?", "fazer sexo dói?", "homem pode engravidar?" etc. Além desses belos argumentos, o programa ainda fez questão de entrevistar os pais das "pobres vítimas", o que, é claro, contribuiu com mais apoio à ideia de que isso é um absurdo, e esses pais ainda afirmaram, indignados, que a escola não tinha o direito de tal feito, pois isso faria com que toda a criação que eles deram aos seus filhos fosse estragada.

O início de uma nova era

Após todo o suspense e espera, finalmente estamos de volta. E esse retorno se deu a partir do (muito bem recebido) Especial de Halloween, que trata dessa data tão cercada de mistérios, assombrações, doces e criaturas das trevas. O motivo de termos feito essa pausa foi por conta da necessidade que sentimos de tornar o nosso estimado blog mais agradável e de tentar sermos mais "responsáveis", mudando o nosso layout e fazendo o possível para que, com a chegada das provas de vestibular e do fim de semestre nas universidades, a quantidade de publicações se mantenha igual, em termos quantitativos e qualitativos, através da adição de novos e renomados fragmentos à nossa equipe.

Algumas das mudanças são bem perceptíveis, como o novo visual que ficou lindo graças ao cara do designer. Helder, a gente te ama! e a divisão dos textos em cinco categorias específicas: arte e cultura, sociedade e política, meio ambiente, pensamento/opinião e diversos; outras mudanças nem tanto, como o Us feat., que foi incrementado com várias novas indicações. Já os novos membros, os quais passaram por um criterioso processo de seleção para poderem ingressar na equipe Fragmentos, por sua vez, serão revelados juntamente com seus respectivos textos de estreia.

Todavia, além de inovar, também tentamos melhorar o que já tínhamos e fizemos isso através da avaliação das postagens de todos os colunistas. A partir dessa avaliação, fomos capazes de nos dar conta dos assuntos que eram mais bem aceitos pelos nossos leitores, o motivo de textos - ainda que bem escritos - não serem tão interessantes, aspectos gerais que poderiam ser aprimorados etc. Com isso, pretendemos melhorar ao máximo nosso conteúdo, sempre visando agradar nossos leitores (e preparem-se, pois textos de temas mais inusitados e/ou polêmicos também fazem parte dessa nova fase).

Portanto, esperamos sempre oferecer o nosso melhor para você, leitor. Não se esqueça que na próxima terça, dia 6 de novembro, o primeiro dos quatro novos membros será revelado, não deixe de conferir. É um verdadeiro prazer para nós estar de volta. Vemos vocês nos comentários!

"Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim 
Não sai"

Especial: Halloween

Olá, caro leitor! Sentiu nossa falta? Nada mais agradável do que retornar com um bom especial, não acha? Neste dia sobrenatural, nós, da equipe Fragmentos, decidimos falar um pouco sobre terror, monstros, filmes e espíritos. Leia-nos, se tiver coragem.

Hoje, 31 de outubro, é comemorado o Halloween (Dia das Bruxas ou Dia do Saci, para os mais nacionalistas) que, desde muito tempo, é comemorado no dia anterior ao Dia de Todos os Santos e, por isso, tem seu nome inspirado na expressão "all hallow's eve", que significa a "véspera de Todos os Santos". Pelo fato do 1° de novembro estar cercado de um valor sagrado e extremamente positivo, os celtas, antigo povo que habitava a parte oeste da Europa, acreditavam que o mundo seria ameaçado na véspera do evento pela ação de terríveis demônios. Dessa forma, o Halloween nasceu como uma preocupação simbólica onde a festa, cercada por figuras estranhas e bizarras, teria o objetivo de afastar a influência dos maus espíritos que ameaçariam suas colheitas. Por ter essa relação com o mundo dos espíritos, os mortos tornaram-se comuns nessa celebração, por não mais pertencerem a essa mesma realidade etérea. Da mesma forma, com o tempo, o Halloween foi também associado à figura das bruxas e feiticeiras, que, no início da Idade Moderna, tornaram-se alvo de ferrenhas perseguições por parte da Santa Inquisição. Vampiros, lobisomens, bruxas e fantasmas são exemplos de criaturas tidas como 'clássicas' e, geralmente, as associamos ao termo terror, ou seja, àquilo que causa medo, por essa razão são também algumas das mais comuns fantasias usadas no Halloween. Segundo o escritor norte-americano H.P. Lovecraft, a emoção mais antiga e mais forte do homem é o medo. Então, celebremos neste dia o mais primitivo dos nossos sentimentos.

O TERROR

Desde tempos remotos existem relatos de demônios, espíritos e deuses. E essas criaturas sempre estiveram fortemente presentes na literatura: nos clássicos greco-romanos, nas obras de grandes mestres como Bram Stoker, Mary Shelley, Edgar Allan Poe, Robert Louis Stevenson e Stephen King e até mesmo nos famosos contos de fadas, que, por sua vez, originaram as primeiras histórias de terror, pois eram contos que envolviam encantamentos, metamorfoses, fadas, monstros e animais falantes, e, antes de surgirem as versões infantis mais 'adocicadas', esses contos traziam fortes doses de adultério, incestos, canibalismo e mortes hediondas. Eram histórias em que a Chapeuzinho Vermelho fazia um striptease para o lobo antes de pular na cama com ele e que a Bela Adormecida era abusada pelo príncipe enquanto dormia e acabava engravidando. Os contos 'fofinhos' que conhecemos hoje só começaram a ser popularizados no século XIX.

E claro, não podemos deixar de falar um pouco sobre o cinema, uma vez que a Sétima Arte foi uma das grandes responsáveis pela popularização do gênero do horror.

Em 1896, surgiu o primeiro filme de terror, intitulado A Mansão do Diabo, do francês Georges Méliès, que deu o ponto de partida para o surgimento de grandes referências cinematográficas, como O Gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wienne - uma das mais marcantes obras do expressionismo alemão -, e o clássico Nosferatu (1922), também de Robert Wienne. Na mesma época, graças a fomentação de Lon Chasey, famoso por interpretar diversos personagens em filmes de terror na década de 20, como o Corcunda de Notre Dame e o Fantasma da Ópera, o gênero surgido na Europa começou a se popularizar na América do Norte. Entretanto, nessa época, os estúdios de Hollywood ainda eram relutantes quanto à produção de filmes desse gênero. No final das contas, os estúdios mais audaciosos acabaram alcançando sucesso ao apostar no medo como forma de entretenimento, foi aí que surgiram os quatro grandes clássicos responsáveis por consolidar o imaginário do terror: Drácula (1931) de Bela Lugosi, O Lobisomem (1941) de Lon Chaney Jr. e Frankenstein (1931) e A Múmia (1932) de Boris Karloff.

E não se engane, a influência do terror não se reteve à literatura e ao cinema, mas se estendeu a praticamente todas as mídias, inclusive à TV. Afinal, todo desenho animado ou seriado que se preze tem um episódio temático de Halloween, um dos mais clássicos é o especial Doce ou Truque do Pato Donald (abaixo).


O terror, sem dúvida é um dos gêneros mais bem sucedidos do entretenimento, isso porque nós, bem no fundo, gostamos de sentir medo de vez em quando (fato comprovado por pesquisas de diversos psicólogos, psiquiatras, antropólogos e historiadores). Em meio a essa vasta produção do gênero do horror, nada melhor do que comemorar este dia fazendo uma maratona de filmes, seja sozinho ou com amigos. Por isso, escolhemos alguns filmes de terror para indicar aos mais destemidos. Confira e, bem, já que hoje é dia 31 de outubro, não podemos deixar de perguntar: gostosuras ou travessuras?

Depois dos 50...

Estamos em festa! Além de sermos finalistas do Prêmio TopBlog 2012, chegamos ao texto de número 50 na quinta-feira (20), com o texto “O Brasil que o país desconhece”, da Thamires Rafael.

É em meio a isso tudo que temos anúncios e novidades a contar para vocês!

Todo mundo sabe que depois dos 50 as coisas começam a ficar mais difíceis. São dilemas, crises, velhice... Mas é aí que deve-se pensar diferente, respirar fundo e não desistir da vida, não deixar tudo na mesmice, na rotina. É hora de acordar, respirar, sacudir a poeira e mudar.

A situação acima descreve o ser humano, mas também serve para o blog. Estamos no 50 (agora 51 com este post) e está na hora de mudar, hora de recomeçar!

É por isso que o opsquebrou, vulgo Fragmentos, anuncia aqui que fará uma breve pausa para o café (e para vocês também) e voltará no dia 31/10. Mas isso não significa que nós e vocês iremos parar! Estamos preparando várias surpresas, novidades e mudanças para o Fragmentos. Acompanhe tudo pela fan page!

Agradecemos a todos que acompanham a gente, seja desde o início, seja desde recentemente. Sem vocês, não seríamos nada, nem mesmo fragmentos. Obrigado por terem lido, comentado, indicado, compartilhado e curtido o blog. Graças a vocês conseguimos estar entre os 100 blogs mais votados do Brasil no Prêmio Top Blog 2012, no qual estamos no segundo turno. 

Foi com vocês que nossos colunistas não pararam de crescer, com textos que foram evoluindo com o tempo e hoje três dos textos originalmente publicados neste blog estão no Observatório da Imprensa, o maior site nacional sobre Comunicação, Mídia e, é claro, Imprensa. São eles “Homofobia justificada?, da Christiany Yamada, “A novela do Mensalão, da Alice Martins Morais e “A publicidade, o consumo e a criança, do Bruno Miranda.

Estamos felizes de termos cumprido o que falamos n'O princípio e não desviarmos do nosso objetivo de nos expressarmos sobre as mais variadas coisas. Esperamos não ter desapontado ninguém e garantimos que tentaremos sempre manter nossa depressão linha de pensamento. Pedimos que continuem nos apoiando: votando na gente e dando sugestões e/ou comentários sobre o blog no geral.

Valeu, galera! Não se esqueçam de nós e aproveitem o tempo livre para ler nossos 50 textos. Voltamos já. Com novidades.
"Uma separação
Outra vez, solidão
Outra vez, sofrimento 
Mais um adeus 
Que não pode esperar"

O Brasil que o país desconhece

Zach Condon, vocalista do Beirut, durante apresentação em São Paulo.
Somos bombardeados diariamente pela cultura de outros países e algumas vezes acabamos absorvendo essa cultura e esquecendo a cultura brasileira. Algumas pessoas - os jovens, em sua grande maioria - escutam apenas músicas internacionais e acabam não conhecendo a própria música brasileira, que engloba artistas de uma qualidade incrível – não, eu não estou falando de artistas que cantam músicas com letras sem sentido e com refrão monossilábico, estou falando de artistas como Cazuza, Tom Jobim, Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso, Tiê, entre outros artistas que, por mais incrível que possa parecer, fazem mais sucesso no exterior do que no Brasil.

Duas lições

Ontem, 15 de outubro, foi celebrado no Brasil o Dia dos Professores. Por conta disso, resolvi escrever sobre dois filmes fantásticos, os quais estão intrinsecamente ligados à relação dos professores com seus alunos, de onde podem ser aprendidas lições valiosíssimas, por ambas as partes. Os filmes são Monsieur Lazhar ("O Que Traz Boas Novas") e Detachment ("Desapego").

Primeiramente, o filme canadense Monsieur Lazhar, escrito e dirigido magnificamente pelo premiado cineasta Philippe Falardeau, conta a história de Bashir Lazhar, um argelino que busca refúgio no Canadá, pois uma tragédia em seu passado o fez deixar seu país. Ele decide, então, trabalhar como professor substituto em uma escola marcada por uma tragédia: a professora a ser substituída por ele cometeu suicídio na sala onde lecionava. A escola é primária, portanto, os alunos são crianças com cerca de 12 anos, e isso dá um ar mais inocente ao filme, mas isso não impede a abordagem de temas delicados.

Com o desenvolver do filme, as relações são aprofundadas, envolvendo basicamente os professores, os alunos e suas respectivas famílias. É incrível a capacidade da obra de nos envolver, sendo através dos textos lidos na classe de francês, de situações belas e inusitadas e das ótimas atuações, inclusive das crianças. Isso, sem citar o final incrivelmente lindo. Enfim, drama e comédia na dose certa.

Uma análise sobre... o Ursinho Pooh

Recentemente, tive a nostálgica experiência de assistir a "Tigrão - O Filme". Não recomendo! É triste, muito triste! Quando criança, sempre assisti ao Ursinho Pooh: ficava um bom tempo preso em frente à televisão vidrado, com inocência, admiração e entusiamo pelas aventuras que ocorriam no desenho. 

Hoje, mais velho e talvez, só talvez, mais maduro, percebi que, além de aventuras de amigos atrapalhados, o desenho tem fortes mensagens morais e que os personagens de O Ursinho Pooh são, na verdade, as várias partes integrantes da psique de Christopher Robin e, de certa forma, de qualquer outra criança.

O valor de ser criança

Toda criança deveria ter o direito de uma vida digna, com respeito, liberdade e proteção, porém a realidade em que vivemos é bem diferente. Quantas crianças vemos por aí em condições subumanas, humilhadas e exploradas, muitas vezes até pelos seus próprios pais? É lamentável, mas é real. A infância, hoje, está levando um outro caminho: as crianças estão crescendo mais rápido, estão esquecendo – ou são obrigadas a esquecer – de aproveitar o incrível momento que é o de ser criança.

No Brasil, há cerca de 5.438 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, submetidas ao trabalho forçado, sendo 42% no Nordeste no país. O que explicaria esse fato? Seria o tão elevado nível de miséria e falta de alternativas de integração social? As causas são inúmeras, o problema está ao nosso lado, mas as pessoas estão ocupadas demais para percebê-lo. São pessoas que, paradas no semáforo, estão mais preocupadas com os seus carros e seu ego do que com as crianças em situação precária vendendo bombons para poder sustentar a família. São pessoas que ignoram o fato de milhares de crianças em sua própria cidade estarem passando fome e sem um teto para dormir, mas dizem se comover com a situação de fome na África mostrada na televisão. O mundo está lotado de pessoas assim.

Nós somos infinitos

Depois de ler Grande Sertão: Veredas, procurei por uma leitura mais leve, e eis que me apareceu um livro juvenil intitulado As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky. Juro que não tinha muitas expectativas quanto à qualidade literária da obra, porém Chbosky conseguiu me surpreender com sua escrita única e personagens encantadores e, mais além, deixou-me atormentado indagando o porquê de não ter lido esse livro durante os meus 15/16 anos.

As vantagens de ser invisível é um romance epistolar no qual o protagonista, um jovem americano de classe média chamado Charlie, conta a sua história a partir de cartas destinadas a um "amigo", o qual o próprio narrador desconhece. O mais novo de três filhos, Charlie é apaixonado por literatura, acaba de entrar no Ensino Médio e o seu único amigo comete suicídio. Como ele mesmo diz: "Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim."

Revolucionários de poltrona

Pertencemos, de certa forma, a uma geração que quer ser "revolucionária", mas não como a geração dos anos 60, com os chamados hippies, que lutavam contra os princípios do capitalismo e eram contrários às guerras que estavam acontecendo no mundo. Hoje, somos "revolucionários" na frente de um computador.

A grande maioria das pessoas vive conectada às redes sociais e passa boa parte desse tempo compartilhando imagens ou ideias a respeito das desigualdades existentes no planeta, mostrando aos outros usuários o quanto se "preocupam" com os outros, mas essa preocupação muitas vezes não sai do mundo virtual.

Em vez de ficarmos falando nas redes sociais que nos importamos com os outros e com o que ocorre de errado ao nosso redor, devemos realmente fazer algo (e isso sem precisar mostrar para todos o que estamos fazendo).

A novela do Mensalão

Em um país no qual pelo menos 70% das conversas entre pessoas são voltadas a este assunto banal chamado "novela"*, não é de se estranhar quando se percebe uma transgressão dessa ficção para o mundo real, ou seja, quando vemos que alguns tentam transformar a vida numa novela, fazendo de outras pessoas personagens que desempenham papéis específicos e comuns desse gênero televisivo: o vilão e o herói, por exemplo. É o que está acontecendo atualmente com o caso Mensalão – e a Imprensa, é claro, não poderia perder essa oportunidade para "colocar lenha na fogueira".
É sempre aquela história de superação do mocinho coitadinho que ascende socialmente e vira um herói, enquanto tem um vilão à espreita tentando impedi-lo de ter sucesso e tornar o mundo um lugar pior para viver. Pois é, eu disse "aquela história", com "h" minúsculo e não "aquela História", com "H" maiúsculo. Ou seja, é coisa de ficção. Vamos ser sinceros: a vida não é tão fácil de se analisar assim. Não mesmo. Mas é assim que muita gente está achando que é, a ponto de forçar a barra e começar a ficar preocupante.

Escolhas para o seu futuro

Fim do ano se aproximando, o que vem por aí? Natal, Ano Novo, Dia das Crianças, Dia das Bruxas?! Não, vestibular... Lá vem outro me encher a paciência com revistinhas, conselhos ou fórmulas milagrosas para me fazer passar. Bem, fiz as provas há dois anos, sei como é estressante...

Assistir aulas o dia todo, fazer simulados, estudar de forma redobrada (ou não)uma intensa rotina da qual todos querem se ver livres. O problema é que muitos pensam da seguinte forma: "Foda-se tudo, só quero sair do convênio/cursinho, sei que tudo vai melhorar sendo um universitário".

Na esportiva

Não sou um fã de esportes - tenho apenas um comedido interesse por jogos de basquete -, mas não tenho nada contra a maior parte dos esportes em si, meu grande problema, mesmo, está muitas vezes ligado à atitude imbecil de alguns torcedores, e é, basicamente, sobre isso que meu texto irá tratar, meu desprezo por certos aspectos "esportivos". Por isso, seja prudente antes de continuar a lê-lo.

Começarei falando sobre a dita "paixão nacional", o futebol, o qual é considerado sagrado por alguns idiotas torcedores, os quais costumam ter sérios problemas para lidar com críticas ao seu idolatrado grupo de homens correndo atrás da bola (ou seriam empurrados pelo dinheiro?). Nesse caso, não tenho problema algum com o esporte, inclusive, joguei futebol na rua diversas vezes quando mais jovem. Mas não me vem à cabeça nenhum outro esporte no qual a qualidade do time, quase sempre, esteja diretamente ligada à quantidade de dinheiro que o mesmo possui. Alguém pode me dizer como posso respeitar um esporte no qual um time gasta mais de 150 milhões de reais na contratação de apenas um jogador?

Lealdade

"Serei, serei leal contigo
Quando eu cansar dos teus beijos, te digo
E tu também liberdade terás
Pra quando quiseres bater a porta
Sem olhar pra trás"
Lealdade - Caetano Veloso

Lealdade é um conceito que pode levar a muitos caminhos. Ser leal a uma empresa, a uma pessoa, a um time, a uma banda... mas o que é, realmente, a lealdade?

Definir lealdade não é fácil, isso depende do ponto de vista. Este é o meu: lealdade é uma mistura de compromisso, fidelidade e sinceridade, tudo em uma palavra só. Nessa definição, vejo o cão como melhor símbolo.


A publicidade, o consumo e a criança

Diz-se que existem três poderes: o Legislativo, o Judiciário e o Executivo. Mas, na verdade, há um quarto poder: a Mídia, cuja grande habilidade é a de influenciar. E, no mundo atual, a maior expressão da Mídia é a televisão, mantida a partir da publicidade e da propaganda, que buscam, acima de tudo, vender produtos, opiniões e estilos de vida.

Essa publicidade e essa propaganda são, muitas vezes, abusivas, feitas para atingir os mais vulneráveis à manipulação: as crianças. Dessa forma, empresas associam seus produtos a brindes, embalagens atrativas e personagens queridos pelo público infantil para conseguirem, predatoriamente, vender.

Especial: Feira Pan-Amazônica do Livro

Ontem, dia 21, às 14 horas, teve início a 16ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém. A Feira, realizada anualmente, é o maior evento literário do Norte do país e, este ano, espera receber 450 mil pessoas e apresentar 90 mil títulos de 500 editoras. Ademais, estarão presentes escritores de renome, como Ariano Suassuna, Luis Fernando Veríssimo, Martha Medeiros, o quadrinista Maurício de Sousa e os portugueses Gonçalo M. Tavares, Lídia Jorge e José Luis Peixoto.

O tema escolhido para ser discutido na Feira, realizada em plena Amazônia, não podia ser outro: sustentabilidade. Logo,  meio ambiente, água e recursos minerais serão alguns dos assuntos que estarão no foco de discussão do evento.

O homenageado pela Feira este ano é o maestro paraense Wilson Fonseca, o Isoca, conhecido por difundir o folclore e a História da Amazônia a partir de suas composições e que, este ano, completaria 100 anos caso ainda estivesse vivo. Além disso, este é um ano mais que especial para a literatura brasileira, pois, em 2012, comemora-se também o centenário do nascimento de dois dos maiores nomes das nossas letras: Jorge Amado e Nelson Rodrigues.

Já o país homenageado nesta edição da Feira será Portugal, e não coincidentemente, uma vez que 2012 foi escolhido como o Ano de Portugal no Brasil. Ironicamente, no mesmo ano em que se completa 190 anos da Independência do Brasil, o país tem a chance de, sem mágoas, redescobrir sua antiga metrópole. De acordo com o Ministério da Cultura, o Ano de Portugal no Brasil tem como objetivo "promover encontros que estimulem a criatividade e a diversidade do pensamento, das manifestações artísticas e culturais dos dois países, além de intensificar o intercâmbio científico e tecnológico e estreitar as relações econômicas entre as duas margens", e um desses encontros entre os dois países é justamente a Feira Pan-Amazônica do Livro. Os portugueses não foram responsáveis apenas pela colonização de nosso país, mas também estão ligados intrinsecamente às nossas raízes culturais, sendo Portugal, inclusive, o país de origem de nossa língua oficial, o português, o que, automaticamente, torna-os diretamente ligados ao desenvolvimento de nossa literatura.

Infelizmente, o Brasil possui um índice de leitura muito baixo, mesmo apresentando uma produção literária excepcional, representada por expoentes como Machado de Assis, João Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarice Lispector, José de Alencar, Jorge Amado, entre outros. Eventos como a Feira Pan-Amazônica do Livro tentam modificar esse aspecto da nossa (falta de) cultura, buscando incentivar esse hábito tão benéfico para o indivíduo e para a sociedade como um todo.

Por isso, achamos que seria inevitável fazer um especial tratando de alguns dos representantes da nossa tão rica literatura nacional. Além de falar sobre alguns escritores, escolhemos livros de cada um deles para indicar aos que irão visitar a Feira. Esperamos, dessa forma, ser capazes de estimular a leitura. Sem mais delongas, aqui eles estão: