Uma análise sobre... o Ursinho Pooh

Recentemente, tive a nostálgica experiência de assistir a "Tigrão - O Filme". Não recomendo! É triste, muito triste! Quando criança, sempre assisti ao Ursinho Pooh: ficava um bom tempo preso em frente à televisão vidrado, com inocência, admiração e entusiamo pelas aventuras que ocorriam no desenho. 

Hoje, mais velho e talvez, só talvez, mais maduro, percebi que, além de aventuras de amigos atrapalhados, o desenho tem fortes mensagens morais e que os personagens de O Ursinho Pooh são, na verdade, as várias partes integrantes da psique de Christopher Robin e, de certa forma, de qualquer outra criança.

Leitão:
 Representa a parte frágil de uma criança, representa o "sentir-se pequeno". Sabe aquela coisa de ser o "café-com-leite" nas brincadeiras ou mesmo não participar de certas atividades por se sentir inferior? Pois é, o Leitão é tudo isso: pequeno, frágil e tímido.

Tigrão: É a parte moleque de cada um de nós. Hiperativo, brincalhão e, por vezes, atrapalhado. Ele alude àquela vontade de correr no quintal, de se sujar, jogar futebol na rua com os amigos e voltar imundo pra casa. Tigrão por vezes sofre reprovações dos adultos, que são representados no desenho pelo personagem Abel. Os adultos não apreciam muito a bagunça, estão sempre presos ao trabalho (lembram do Abel e suas cenouras?) e sentem inveja da liberdade que têm as crianças.

Guru: O pequeno canguru saltitante Guru é, em suma, aquilo que infelizmente não pode ser eterno, a dependência de estar na barra da saia de nossa mãe. Sabe aquele momento em que você se sentia a pessoa mais especial do mundo quando vinha alguém, embrulhava os pés, dava um beijinho - normalmente uns três, porque o primeiro nuca vale - na testa e apagava as luzes, um momento que valia muito e do qual eramos totalmente dependentes? Pois é, o Guru é basicamente esse momento, essa parte de nós.

Quanto ao Ió (ou Bisonho), acredito que ele também represente a forma de agir dos adultos. Talvez a futilidade de construir, exaustivamente, algo que cairá com um sopro dos ventos do Bosque dos Cem Acres lembre a vida adulta ou talvez a rotina e repetição dos adultos seja essencialmente triste como Ió? Acredito que sim.

Mas, e o Pooh? Creio eu que o Pooh não é exatamente a personalidade de uma criança, mas sim a personalidade criada por Christopher para ele, personalidade que o autor do desenho esboçou observando seu filho brincar com o urso de pelúcia comprado no zoológico. O Pooh é simplesmente inocência e mel.

Bem, espero não ter estragado a infância de ninguém com esse texto - e me perdoem as excentricidades -, mas ter um outro olhar sobre coisas aparentemente banais é sempre bom, afinal, de loucuras surgem belas ideias...

Fonte das imagens (respectivamente): Plugou e World Strangest.

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