O valor de ser criança

Toda criança deveria ter o direito de uma vida digna, com respeito, liberdade e proteção, porém a realidade em que vivemos é bem diferente. Quantas crianças vemos por aí em condições subumanas, humilhadas e exploradas, muitas vezes até pelos seus próprios pais? É lamentável, mas é real. A infância, hoje, está levando um outro caminho: as crianças estão crescendo mais rápido, estão esquecendo – ou são obrigadas a esquecer – de aproveitar o incrível momento que é o de ser criança.

No Brasil, há cerca de 5.438 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, submetidas ao trabalho forçado, sendo 42% no Nordeste no país. O que explicaria esse fato? Seria o tão elevado nível de miséria e falta de alternativas de integração social? As causas são inúmeras, o problema está ao nosso lado, mas as pessoas estão ocupadas demais para percebê-lo. São pessoas que, paradas no semáforo, estão mais preocupadas com os seus carros e seu ego do que com as crianças em situação precária vendendo bombons para poder sustentar a família. São pessoas que ignoram o fato de milhares de crianças em sua própria cidade estarem passando fome e sem um teto para dormir, mas dizem se comover com a situação de fome na África mostrada na televisão. O mundo está lotado de pessoas assim.

Além do trabalho infantil, também existe a prostituição infantil. Muitas crianças são consideradas mercadorias, são vendidas, trocadas e não possuem direitos nem dignidade, e o turismo sexual de crianças é um exemplo disso – essas crianças tornam-se principal atração turística para europeus, sendo ainda considerados "pessoas de bem". Cerca de mais da metade dos pontos vulneráveis à exploração sexual infantil encontram-se em áreas urbanas sendo, na maioria dos casos, devido à pobreza, afinal, muitas famílias migram para as cidades em busca de melhores condições de vida, mas, no final das contas, isso não acontece, logo, são obrigadas a encontrar novas maneiras para sobreviver. O filme Anjos do Sol, de 2006, me chamou bastante atenção para esse tema, relata a história da menina Maria, de 12 anos, que, após de ser vendida pela família, é enviada para um prostíbulo onde é submetida a situações completamente humilhantes e constrangedoras – uma história que faz qualquer um se comover e refletir sobre a situação.

A sociedade deveria tomar conta de suas crianças, assim como o governo deveria agir sobre o problema, mas não vemos nada disso acontecer. Ao invés de investimentos em escolas, o governo prefere investir em mais infraestrutura, em novos estádios para a Copa do Mundo de 2014, ou seja, em qualquer coisa que não seja a educação, segurança e saúde de nossas crianças. A sociedade como um todo deveria agir em função do problema, visar solucioná-lo e, dessa forma, proporcionar condições mais dignas para todas as crianças. 

Entretanto, não basta apenas doar um brinquedo no Dia das Crianças – por mais que, para elas, seja uma felicidade sem fim –, devemos agir o ano inteiro. É preciso estar sempre procurando uma forma de conscientizar a todos, seja por meio de campanhas, projetos ou até protestos, de que a criança não é mercadoria e tem que estar na escola e não trabalhando. Crianças são humanas como qualquer outra pessoa e têm o direito de aproveitar de sua liberdade, direitos e, acima de tudo, de sua infância. Nada vale mais que a infância, são lembranças e momentos que se levam pelo resto da vida, um valor que não se pode ser comprado nem trocado, mas, sim, aproveitado.

Fonte das imagens (respectivamente): Arrotos e Sobrecarga.

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