Na esportiva

Não sou um fã de esportes - tenho apenas um comedido interesse por jogos de basquete -, mas não tenho nada contra a maior parte dos esportes em si, meu grande problema, mesmo, está muitas vezes ligado à atitude imbecil de alguns torcedores, e é, basicamente, sobre isso que meu texto irá tratar, meu desprezo por certos aspectos "esportivos". Por isso, seja prudente antes de continuar a lê-lo.

Começarei falando sobre a dita "paixão nacional", o futebol, o qual é considerado sagrado por alguns idiotas torcedores, os quais costumam ter sérios problemas para lidar com críticas ao seu idolatrado grupo de homens correndo atrás da bola (ou seriam empurrados pelo dinheiro?). Nesse caso, não tenho problema algum com o esporte, inclusive, joguei futebol na rua diversas vezes quando mais jovem. Mas não me vem à cabeça nenhum outro esporte no qual a qualidade do time, quase sempre, esteja diretamente ligada à quantidade de dinheiro que o mesmo possui. Alguém pode me dizer como posso respeitar um esporte no qual um time gasta mais de 150 milhões de reais na contratação de apenas um jogador?

Obviamente, talentos devem ser valorizados, mas isso já é falta de respeito com a sociedade tão desigual na qual vivemos. A fidelidade dos jogadores é proporcional ao salário que recebem, não há mais lealdade, a não ser ao dinheiro. E quanto aos amantes desse esporte, sou incapaz de aceitar que alguém, com um QI superior ao de um avestruz, chore por conta do rebaixamento do seu time. Isso, sem citar as verdadeiras gangues que são formadas para defender a "honra" dos times e a violência causada por elas nos estádios e arredores. O que, além de piorar a imagem do esporte, prejudica inocentes que estão lá apenas para se divertir.

Outra situação que vem ocorrendo no Brasil, há um bom tempo, é a onda de adoração aos lutadores de MMA (Artes Marciais Mistas), tendo como maior expoente desse esporte o UFC, aquele evento que passa na Rede Globo com meia hora de atraso e eles dizem que é ao vivo, sabe? Quanto a mim, desde criança tenho uma aversão enorme por essas "rinhas humanas" - termo muito bem colocado pelo Deputado José Mentor (PT-SP) para definir as lutas, em um de seus argumentos pela proibição da exibição das mesmas na TV nacional, por considerar a violência prejudicial aos jovens -, pois meu pai sempre gostou de assisti-las, sendo ele faixa preta em caratê, inclusive, o que, mesmo assim, não foi capaz de me fazer ter interesse algum pela arte marcial.

As artes marciais, em si, costumam ser bastante benéficas, tanto para o corpo quanto para a mente, servem como descarga emocional, têm toda uma filosofia e disciplina por trás, além de servirem como exercício físico. Porém, uma pessoa que se dispõe a lutar de uma maneira bastante semelhante à dos tempos de pão e circo, onde o que realmente importa é o sangue escorrendo ou o nocaute, ao invés da qualidade dos lutadores (como nas Olimpíadas, por exemplo), não consegue ser admirada por mim, e nem sei como consegue ser por alguém. Não que os lutadores sejam ruins ou necessariamente idiotas, longe disso, mas acredito que ser pago para fazer um espetáculo desse calibre não é algo que deveria ser idolatrado, como muitos fazem.

Eu seria capaz de escrever muitos e muitos mais parágrafos demonstrando minha visão sobre algumas características dos esportes, algumas que não compreendo, outras que acho estúpidas, mas preciso dizer que os esportes, quando praticados de forma correta, são capazes de coisas magnificas, para o país e até o mundo inteiro, pois o esporte pode servir como meio de saída de uma vida carente, de incentivo à educação através da permanência dos alunos nas escolas e com boas médias, de contentamento com o Estado, por conta do apoio dado aos seus atletas, além de proporcionar uma vida mais saudável etc.

Arthur Zanetti, 1ª medalha olímpica do Brasil na ginástica artística.
Por isso, acho que o Brasil deveria dar mais valor aos seus representantes na maior quantidade de esportes possível, já que, por mais incrível que pareça, o país não é feito apenas de Kakás e Ronaldos, há muitos Diegos e Hugos sendo desperdiçados por esse país de proporções continentais, há muitas medalhas que deixaram de ser trazidas das Olimpíadas para nosso solo por conta do descaso do governo com diversos esportistas. Só espero que quando as Olimpíadas forem realizadas por aqui não deixemos nossas medalhas escaparem pelos nossos dedos, braços e pernas. Ou alguém acha que os nascidos nos EUA são, de alguma forma, superiores aos que nascem em terras tupiniquins?

Fonte das imagens (respectivamente): Deporte y Cristianismo, Diazepão e Abril em Londres.

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