Poliamorismo

Há algum tempo venho observando uma movimentação em relação aos termos "poliamorismo" e "relacionamento poliafetivo": recentemente, saiu na mídia o caso de um juiz que oficializou a união de três pessoas e, com isso, questões muito sérias - para não chamar de polêmicas - foram levantadas: hoje em dia, até onde vai o conceito de família no Brasil e seria o poliamor uma espécie de poligamia?

É do conhecimento de todos que em muitos países a poligamia é uma orientação cultural, e um homem casar-se com mais de uma mulher é perfeitamente tido como "normal". Então, o que difere o poliamor da poligamia?

A poligamia é uma cultura muito antiga e em países como a África do Sul, Marrocos, Israel e Etiópia a união estável de um homem com várias mulheres é extremamente conveniente e socialmente aceitável. O poliamor ou relacionamento poliafetivo, por sua vez, já vem de uma escolha pessoal e sentimental entre mais de duas pessoas, é um relacionamento consentido e baseado em afetividade.

O assunto tem sido questionado a partir de uma visão cultural já existente em nosso país, e não tem sido aprovado pela maioria das pessoas, tendo como princípios básicos de julgamento "a moral e os bons costumes", diretamente ligados ao cristianismo, portanto, no Brasil, é tido como aceitável unicamente a união estável entre duas pessoas e a construção de uma família padrão pai-mãe-filhos. O que não se enquadra nesse paradigma é tido como "errado" e sofre os mais diversos tipos de preconceitos, como tudo o que ainda é considerado "novo" por aqui.

De uma visão pessoal, não acho "errado". Respeito, e muito, a escolha de cada um e acho que tudo seria muito mais fácil se todos tivessem essa mesma linha de raciocínio. Decerto, esse assunto ainda vai dar muito o que falar, e sei que vou escutar por aí diversas opiniões e tentativas de explicações. Infelizmente, a moral e os bons costumes são, e sempre serão, apesar dos pesares, defendidos a partir de um âmbito individual, sem levar em conta a pluralidade de opiniões e estilos de vida. Todo um conceito de relacionamento monogâmico heteronormativo já existente nos é imposto e nossa visão de mundo muitas vezes acaba sendo limitada a ver como "normal" e "certo" apenas esse estereótipo.


Fonte da imagem: Hebreu Suburbano.

Yasmin Oliveira
Prefiro ser chamada de Mena. 19 anos. "Futura" administradora. Viciada em música. Tento tocar violão. Tenho mania de ler vários livros ao mesmo tempo e não terminar frases. Indecisa e inconstante por natureza. Pseudo-escritora. [Os outros]

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