Especial: Dia Mundial da Fotografia

Hoje, 19 de agosto, comemora-se o Dia Mundial da Fotografia. E, claro, não poderíamos deixar este dia passar em branco, afinal, estamos em plena Era Digital, as câmeras estão por todos os lados, e é por meio das câmeras que hoje podemos registrar momentos especiais, guardando pessoas, lugares e situações para a posteridade.

Este dia foi escolhido para homenagear a fotografia porque foi no dia 19 de agosto do ano de 1839, em Paris, que foi anunciada e apresentada ao mundo a tal da fotografia, desenvolvida pelo francês Louis Daguerre, o qual foi o inventor do daguerreótipo, predecessor da máquina fotográfica.

Entretanto, bem antes de Daguerre presentear a humanidade com sua invenção, o homem já tinha a mania de registrar momentos especiais, basta lembrar dos desenhos deixados nas cavernas em tempos pré-históricos, das esculturas da Antiguidade ou das pinturas modernas.

BREVE HISTÓRICO DA FOTOGRAFIA

O primeiro rascunho que se tem de uma fotografia data por volta do ano 350 a.C., quando o filósofo grego Aristóteles desenvolveu a primeira câmara escura, visando enxergar eclipses solares sem prejudicar os olhos. Já a primeira impressão fotográfica, só foi "batida" em 1826, pelo francês Joseph Niépce, a partir de um processo chamado heliografia, no qual uma imagem demorava até oito horas para ser gravada, e o resultado final não passava de uma borrão impresso em uma chapa de alumínio.

A primeira impressão fotográfica.























Foi aí que Louis Daguerre aprimorou o processo com o seu daguerreótipo, que chegou ao Brasil em 1839, trazido pelo imperador Dom Pedro II, que era um grande entusiasta da fotografia.

Mas havia um problema: o daguerreótipo não permitia a criação de cópias, cada fotografia era única e insubstituível. Até que, em 1841, o inglês William Henry Talbot conseguiu transferir as imagens para folhas de papel, permitindo que a fotografia se consolidasse como arte. Entanto, o processo ainda era para poucos, pois o custo do equipamento fotográfico, mais a "revelação", era altíssimo.

Em 1888, veio uma revolução: o americano George Eastman, o fundador da Kodak, criou os filmes enrolados em carretéis, que, com os produtos químicos certos, poderiam ser revelados em qualquer câmara escura. A fotografia finalmente tinha se popularizado.

Depois disso, só nos anos 90 é que o mundo da fotografia sofreu mais uma revolução: surgiu a câmera digital, que logo se tornaria uma febre no mundo todo. Hoje, as câmeras estão em todos os cantos, em computadores, celulares, tablets, entre outros, e as fotos, sendo arte ou recordações, fazem agora parte do nosso dia a dia.

Resolvemos, então, celebrar este dia tão especial falando sobre alguns fotógrafos de suma relevância para essa arte, a qual acabou permitindo o surgimento do que hoje conhecemos como cinema. Deleteiem-se:

  • Araquém Alcântara, por Alice Martins:
"A função do artista é espalhar belezas e repartir benefícios."


Consagrado como "fotógrafo da natureza", Araquém Alcântara nasceu em Florianópolis, em 1951, e hoje é considerado um dos maiores fotógrafos brasileiros da atualidade.

Tudo começou quando ele tinha 14 anos e queria ser jornalista. Conseguiu. Em 1970, ingressou na Faculdade de Comunicação da Universidade de Santos. Mas foi só depois, numa certa noite, ao assistir um filme francês chamado "A Ilha Nua", de Kaneto Shindo, que ele teve a epifania que iria mudar a sua vida. No dia posterior, ele pegou emprestada a Yashica de uma amiga e foi a um cabaré. "Quer fotografar, é? Quer fotografar? Pois então fotografa aqui", ela levantou a saia e foi isso: sua primeira foto.

Desde cedo já deu para perceber que o que ele gosta mesmo é de retratar, documentar, inclusive (e até especialmente) animais. Sua primeira exposição se chamou "Os urubus de Santos". Em 1979, começaram as viagens pela Mata Atlântica, começou a jornada que o faz conhecido como "Colecionador de Mundos". 

Alcântara faz um belíssimo trabalho. Com fotos, ele junta História, Geografia, Sociologia, Biologia, Literatura, Redação e Arte. Alcântara é uma aula do mundo à nossa volta que muitas vezes nossos humildes olhos não dão atenção, mas sua câmera dá. 

P.S: Conheça mais no site araquem.com.br.


Fonte das imagens: Estadão.

  • Alfred Eisenstaedt, por Bruno Miranda:
O fotógrafo polonês Alfred Eisenstaedt (1898-1995) foi um dos maiores ícones do fotojornalismo, responsável por eternizar diversos momentos históricos e personalidades do século XX. Seu primeiro contato com a arte fotográfica foi aos quatorze anos, quando seu tio o presentou com uma câmera. 

Embora a fotografia o tenha encantado desde cedo, ele não tinha condições financeiras para bancar o hobbie. Apenas depois da Primeira Guerra Mundial é que Alfred conseguiu comprar um novo equipamento fotográfico, após poupar bastante dinheiro trabalhando como vendedor-ambulante. Com esse equipamento, ele tirou a foto de uma mulher jogando tênis e conseguiu vender essa foto para um jornal alemão. Animado com sua conquista, Alfred, aos trinta e um anos, decidiu largar o emprego de vendedor e seguir a carreira de fotojornalista. 

Em 1942, naturalizou-se norte-americano e, a partir dessa data, viajou mundo afora para retratar os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Sua foto mais famosa é, sem dúvida, o caloroso beijo entre um marinheiro e uma enfermeira na Times Square, em Nova York, ao receberem a notícia da rendição do Japão e da vitória dos Estados Unidos, em 1945.

Por sua obra, Eisenstaedt recebeu, nos Estados Unidos, a Medalha Presidencial de Artes.


Fonte das imagens: Wikipédia.

  • Bob Gruen, por Christiany Yamada:
Bob Gruen é um fotógrafo nova-iorquino nascido em 1945. Apaixonado por fotografia e música – e, por música, me refiro ao rock 'n' roll –, decidiu unir os dois amores.

Bob não só registrou shows, mas também viveu o auge do rock 'n' roll, frequentando lugares como CBGB's, bar famoso por ter sido uma espécie de "berço do punk", onde artistas como os Ramones costumavam tocar ou ser facilmente encontrados bebendo, consumindo drogas e curtindo a noite; tendo acesso a camarins – coisa que não era tão difícil naquela época – e acompanhando algumas das mais famosas bandas de rock em suas turnês, como fez com Led Zeppelin.

O convívio de Bob com os músicos o fez conseguir fotos marcantes destes em suas selvagens apresentações e também o fez conseguir que estes posassem para suas lentes, como fez o amigo John Lennon – que chegou a contratá-lo como fotógrafo pessoal – numa de suas fotos mais famosas, em que John se encontra com os braços cruzados, óculos escuros e uma blusa com "New York City" escrito. Entretanto, Gruen também fez fotos com um ar mais intimista e espontâneo, capturando momentos cotidianos, sem produção, cenário ou iluminação planejados.

Por não ser apenas um fotógrafo ou apenas um fã, mas sim ambos, Bob conseguiu captar com perfeição o rock em suas imagens, seja em seu lado mais humano ou performático. Não só por meio das lendárias pessoas presentes, mas pelo ambiente caótico, em meio a groupies e guitarras, aviões e hotéis, suor e - literalmente - sangue.

Atualmente, Gruen, que já é avô, continua fazendo o mesmo trabalho, porém, abdicou da vida louca que levava junto àqueles que fotografava para aproveitar o ambiente familiar.  

Johnny Rotten e Sid Vicious 
Fonte das imagens: Rock Arquive.

  • Sebastião Salgado, por Hudson Filho:
Fotografar não é apenas o ato de registrar um momento especial. A fotografia captura emoções, beleza, fatos e acontecimentos que se eternizam através de um click.

Hoje, o ato de fotografar tornou-se banal, algo que faz parte do nosso dia a dia. É difícil atualmente alguém não possuir uma máquina digital com inúmeros recursos que facilitam a vida dos "fotógrafos" de plantão. E dá-lhe imagens... bichinhos fofos, belas paisagens, o passeio do final de semana, o prato do dia, duck face, baladas, fotos no banheiro do shopping e afins.

Mas a fotografia que emociona, que nos leva a pensar, a questionar nossos valores, princípios e convicções, que nos desconcerta, que pode ser como um soco no estômago dos desavisados por mostrar não a beleza com a qual estamos acostumados, e sim algo que vai além, muito além, disso.

A fotografia se concretiza como arte, como verdadeira arte, quando se torna um instrumento de denúncia no ato de fotografar o feio, a guerra, a fome: as chagas da nossa sociedade. E quando o assunto é denúncia, o nome é Sebastião Salgado.

Nascido em 8 de fevereiro de 1944, Sebastião Salgado é um dos mais brilhantes e respeitados fotógrafos da atualidade. Mineiro, de Aimorés, graduou-se em economia, fez mestrado e doutorado na mesma área.

Durante um de seus trabalhos, como economista, na década de 70, ao fotografar cafezais africanos, Sebastião Salgado descobriu a fotografia como forma de mostrar a realidade dos excluídos, dos marginalizados e dos esquecidos. Desde então, dedicou-se a retratar aqueles que não tem voz.

Um sonhador que sai pelos continentes registrando os problemas e dramas dos homens. Um economista que se expressa pelas imagens. Um viajante incansável, que faz de sua vida uma jornada em busca de um mundo mais fraterno, onde a solidariedade tenha mais importância do que o capital. Este é Sebastião Salgado.

"Talvez alguém tenha a impressão de que as fotografias deste livro mostram apenas o lado sombrio da humanidade. Na realidade é possível vislumbrar alguns pontos de luz na penumbra geral. (...) Temos a chave do futuro da humanidade, mas para poder usá-la temos de compreender o presente. Estas fotografias mostram parte desse presente. Não podemos nos permitir desviar os olhos."  
[Salgado, Êxodos, p. 14-15]



Fonte das imagens: Foto & Jornalismo.

  • Thomas Lekfeldt, por Jean Sato:

Nascido em 1977, em Holbaek, Dinamarca, Thomas estudou Antropologia na Universidade de Copenhague entre 2001 e 2002 e conquistou o diploma de bacharel em fotojornalismo na Danish School of Journalism, em 2007. Desde então, ele tem viajado bastante, principalmente para  a Ásia. E atualmente anda trabalhando como freelancer para a Danish and International Press.

Em 2007, Vibe, uma jovem criança dinamarquesa foi diagnosticada com um tumor cerebral, que não podia ser removido cirurgicamente devido a localização. Vibe iniciou o tratamento e chegou a receber trinta sessões de radiação, quatro sessões de quimioterapia de alta intensidade e uma de tratamentos experimentais. Vibe perdeu a luta contra a doença em Janeiro de 2009, com 7 anos de idade.  Em um de seus trabalhos, Thomas acompanhou a história de Vibe. Um trabalho cheio de emoções e imagens fantásticas.

Thomas consegue expor em suas fotos vários sentimentos, dos felizes até os mais tristes. Ele já ganhou vários prêmios fotográficos dinamarqueses e internacionais, tendo seus trabalhos publicados em várias revistas.

Você pode conferir alguns dos trabalhos de Thomas aqui.


Fonte das imagens: Thomas Lekfeldt.

  • Steve McCurry, por Romulo Ferreira:

Nascido em um subúrbio da Filadélfia, McCurry estudou cinematografia na Universidade do Estado da Pensilvânia, antes de ir trabalhar para um jornal local. Após alguns anos trabalhando como freelancer, fez a primeira de uma série de viagens à Índia. Levando consigo apenas sua câmera fotográfica e pouca bagagem, fez uma jornada pelo país registrando tudo com sua câmera.

Após alguns meses, Steve cruzou a fronteira em direção ao Paquistão, onde encontrou um grupo de refugiados do Afeganistão em Nasir Bagh, um campo de refugiados. Foi então que Steve tirou sua foto mais conhecida e uma das fotografias mais famosas de todos o tempos, a qual foi, inclusive, capa da revista National Geographic. Afghan Girl (Menina Afegã) é como é conhecida a foto, ou "Mona Lisa da fotografia", e se trata de uma foto do rosto de Sharbat Gula, garota afegã de 12 anos, a qual havia perdido os pais no bombardeio soviético ao seu país que acontecera previamente, o que levou ela e outros afegãos a evadirem para outros países.

Em 2002, quando Gula já estava com 30 anos, Steve partiu em uma expedição para encontrá-la, e acabou achando-a em uma região remota do Afeganistão. Gula não tinha ideia da repercussão de sua foto, e também admitiu ter sido fotografada apenas uma vez na vida, até então. Esse reencontro gerou um documentário, mais uma capa da National Geographic e a criação de uma fundação em prol das mulheres afegãs.

Desde então, McCurry viaja através dos seis continentes buscando fotografar conflitos, culturas em processo de extinção, tradições antigas, cultura contemporânea etc. Sem nunca deixar o lado humano de lado, como é perceptível em sua célebre imagem Menina Afegã. Steve ganhou diversos prêmios durante seus anos de trabalho e continua a publicar suas fotos em diversas revistas.


Fonte das imagens: Steve McCurry.

  • Elliot Erwitt, por Yasmin Oliveira:
Elliot Erwitt é um fotógrafo norte-americano filho de emigrantes russos. Nasceu em Paris, em 1928, e viveu seus primeiros dez anos na Itália. Aos doze, mudou-se para Los Angeles. Formou-se em Cinema e transmitiu uma boa parte do seu conhecimento a suas fotografias, com um olhar contínuo, que observa e registra. Uma de suas marcas é a fotografia em sequência, mas  o que chama a atenção em seu trabalho é o humor, não o humor sarcástico e pesado que vemos hoje em dia, mas um humor leve, capturado no dia a dia, dentre as mais inusitadas situações. 

O que me encanta particularmente é a forma como captura momentos espontâneos e peculiares, quase que proibidos, e, claro, a pouca utilização de manipulação em sua fotografias. Outra singularidade é a utilização do método preto e branco, que se torna padrão em seu trabalho. 

Dentre suas obras, destaco uma da qual gosto bastante, que é a Son of bitch, um trabalho no qual Erwitt fotografa, com bastante humor, cães em situações que mostram a relação desses animais com o mundo humano.


Fontes das imagens (respectivamente): Mauricio e Mezzamela.

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