O motivo de o Butão vir a ser foco de reportagem: em 2008, foram realizadas as primeiras eleições do país, que passou de uma monarquia absoluta para uma monarquia constitucional, como o Reino Unido. Entretanto, não ocorreu nenhuma revolução com fins de derrubar a monarquia, o rei - o quarto do país - abdicou ao trono, que foi ocupado pelo seu filho, e estabeleceu eleições para primeiro-ministro. O povo butanês, porém, não viu a democracia com olhos tão bons quanto o rei, eles acreditavam plenamente no seu antigo monarca.
Um povo que não simpatiza com a democracia, mas com o despotismo. Irônico, não é? Um verdadeiro tapa na cara do Mundo Ocidental, que viveu tantas revoluções sangrentas para conquistar a democracia. Essa 'novidade' novamente levantou minha curiosidade sobre esse país e me deu inspiração para conhecer mais sobre esse lugar fabuloso.
Jigme Singye, além de receber a tradicional educação butanesa com os monges, foi educado na Inglaterra, onde teve contato com o mundo moderno. Ao assumir o trono, ele deu continuidade à política de modernização de seu pai. E foi mais além, criou um índice chamado FNB (Felicidade Nacional Bruta) - cujos indicadores são o desenvolvimento sustentável, o bom governo, a proteção ao meio ambiente e a preservação da cultura. No seu governo, a mortalidade infantil e o analfabetismo despencaram. O que o rei defende é: a Felicidade Nacional Bruta é mais importante que o Produto Interno Bruto. Afinal, de que adianta haver riqueza se não há felicidade?
Curiosamente, em um marco histórico, o país foi o primeiro do mundo a banir a venda e consumo de cigarros, em 2004. Em 2006, o rei anunciou que renunciaria ao trono para instalar no país um regime democrático. Em 2008, foi eleito o (primeiro) primeiro-ministro e o trono foi assumido pelo filho mais velho do rei, Jigme Khesar Namgyal Wangchuck. Jigme Khesar, agora quinto rei, é o governante mais jovem do mundo e dá continuidade ao legado de seu pai e de seu avô, modernizando o país sem permitir que a belíssima natureza himalaia seja devastada nem que a monocultura global elimine as suas tradições.
O rei Jigme Khesar Wangchuck presenteia o povo butanês no dia de sua coroação. |
Essa é a realidade de uma nação que é, ao mesmo tempo, um dos países mais pobres e mais felizes do mundo. Será que nós, ocidentais, um dia conseguiremos construir um Estado como esse, cujo objetivo maior não é aumentar o lucro, mas a felicidade?
Fonte das imagens (respectivamente): Marcos Sá Corrêa, Fuja da Rotina e Vá Viajar! e National Geographic Brasil.
Fonte das imagens (respectivamente): Marcos Sá Corrêa, Fuja da Rotina e Vá Viajar! e National Geographic Brasil.
0 comments:
Postar um comentário