Hermanos

Dizem que a primeira impressão é a que fica. Por isso, tentarei começar causando uma boa. Falarei sobre Los Hermanos, atualmente, minha banda nacional predileta.

Recentemente, fui a um show deles, em uma turnê de comemoração dos 15 anos de existência da banda. Não sou o maior frequentador de shows do mundo, mas já fui para alguns (Iron Maiden, Skank, Biquíni Cavadão, Titãs & Paralamas, Maria Gadú etc), e digo com todas as letras: esse foi o melhor show para o qual já fui. Composições belíssimas, melodias contagiantes, mulheres lindas se pegando, o coro do público em TODAS as canções e aquela sensação indescritível de estar ligado a algo maior. Tudo isso sendo comandado por quatro amigos de faculdade, os quais resolveram formar uma banda há uma década e meia e acabaram se tornando uma das bandas mais influentes e adoradas no cenário musical nacional.

Chega a me doer quando alguém diz que Los Hermanos são conhecidos apenas por "Anna Júlia" (mesmo ela tendo sido regravada por um dos Beatles), por saber que eles são capazes de muito mais. Capazes de comporem declarações de um amor proibido de dois amantes à beira da morte, como em "Conversa de Botas Batidas", ou sobre uma relação conturbada entre pai e filho, como em "Um Par".

A carreira da banda teve seus altos e baixos. O primeiro CD ("Los Hermanos") teve como maior sucesso "Anna Júlia", canção responsável por colocar a banda no cenário nacional, que é considerada até hoje o maior sucesso da banda, mas não a melhor música (ao menos, por mim). Já no segundo CD ("Bloco do Eu Sozinho"), a banda perdera seu baixista, Patrick Laplan, por questões de divergências, talvez por isso a sonoridade da banda tenha mudado quase que totalmente, sendo influenciada mais pelo samba e pela bossa nova, diferentemente do primeiro CD, onde havia uma pegada mais hardcore. Com tantas mudanças, o álbum não obteve tanto sucesso comercial quanto o seu antecessor, entretanto, selecionou seu público, tornando-o cada vez mais fiel. Com o "Ventura" (terceiro CD), um álbum com uma sonoridade bem diversificada, veio, enfim, a consolidação da banda no cenário nacional, canções como "O Vencedor" e "Último Romance" são responsáveis por isso. O quarto CD, "4", não foi muito bem recebido pela crítica, foi considerado um álbum irregular demais, porém a canção "O Vento" tornou-se bastante popular e ajudou na repercussão do álbum.
 
A banda entrou em hiato em 2007, por uma questão de necessidade, os membros declararam precisar de um tempo para si, para projetos solos, para algo além da banda. Marcelo Camelo (guitarra/voz/baixo) decidiu dedicar-se à sua carreira solo, já tendo lançado dois CDs de sucesso considerável, sendo também bem recebido pela crítica. Rodrigo Barba (bateria) tocou em uma banda da qual fazia parte no começo dos Los Hermanos, Jason, durante uma turnê, e ingressou em algumas outras com o passar dos anos. Bruno Medina (teclado) começou a escrever para seu blog no portal G1, além de se dedicar à publicidade, a qual, mesmo após ter se formado em Comunicação, não pôde exercer de forma plena, pois a banda exigia muito do seu tempo. E, por último, mas não menos importante, Rodrigo Amarante (guitarra/voz/baixo), meu hermano favorito, a pessoa por trás de diversas das minhas músicas preferidas, resolveu continuar dedicando-se à música, logo após o inicio do hiato, deu toda sua atenção para a Orquestra Imperial (Big Band brasileira), além de formar outra banda, Little Joy, com Fabrizio Moretti (baterista dos Strokes) e Binki Shapiro (ex-namorada do mesmo). Amarante promete um CD solo de composições inéditas ainda para esse ano, e trabalhou e continua trabalhando em parcerias com diversos artistas, como Devendra Banhart e Marisa Monte.

Apresentaram-se algumas vezes nos últimos anos em ocasiões especiais, mas foi apenas em 2012 que resolveram fazer uma turnê de proporção nacional, tanto pelo fato do 15º aniversário da banda estar chegando, quanto por uma conveniente folga na agenda dos integrantes da banda, além do desejo de tocarem juntos novamente, sintetizado de forma interessante nessa frase do Amarante:
"Tocar com os Hermanos é lavar a alma e viajar com eles é o mais próximo que se pode chegar da hora-do-recreio na vida adulta."
Não tenho palavras para dizer o que essa banda representa para mim, o efeito que suas músicas em mim causam, de revolta, desolação, esperança, reflexão, entres outros. Deixo com vocês a música do grupo que o Amarante escreveu para mim intencionalmente mais me identifico e espero ter cativado mais alguns membros para a legião de hermanos.

 

Fonte da imagem: Blog Alternativa.

0 comments:

Postar um comentário