Cidade para todos nós

Nos últimos meses, as ruas brasileiras foram palco de muitas, muitas manifestações. Várias bandeiras foram levantadas a respeito de diversos assuntos: Passe Livre, Ato Médico, PECs, royalties do Pré-Sal para a educação, "cura gay" etc, mas o que, pessoalmente, achei que não foi discutido o suficiente foi a questão das melhorias das cidades como um todo. Ok, reclamou-se do trânsito e da corrupção, mas o debate sobre a estrutura da cidade não ganhou a atenção devida. É por isso que resolvi falar disso, agora que a poeira baixou e a gente pode pensar com mais calma.

Bom, o certo é que a cidade deve ser um espaço para todos. Não importa se é grande ou pequena. Deve ser local de variedades, que une as diferentes classes sociais, diferentes etnias, faixas etárias e gêneros; um local voltado para os cidadãos, onde haja uma preocupação com as pessoas e se atenda às necessidades dos moradores.

No Brasil, presenciamos constantemente problemas nas cidades. Sim, nosso país precisa evoluir, e muito. Precisamos ser influenciados e inspirados pelos países desenvolvidos.

Sem dúvida, um dos maiores problemas urbanos da atualidade é a mobilidade urbana. E esse problema se agrava à medida que a cidade cresce. A dificuldade causada pelo trânsito gera vários outros subproblemas, fazendo com que as pessoas fiquem mais isoladas umas das outras, enquanto que o que deveria ser separado era o espaço.

E se, para solucionar um pouco esse problema, dividissem-se os espaços (criando espaços dentro do próprio espaço) e unissem-se as pessoas? Separaríamos o espaço de cada coisa. Haveria um espaço para os carros, outro para os caminhões e, principalmente, vários espaços para a população. E todos esses espaços se interligariam.

A cidade como um todo precisa valorizar os pedestres, garantindo-lhe mais direitos e mais segurança. O povo brasileiro precisa se espelhar no povo europeu, por exemplo. Andar livremente pelas ruas, socializando e gerando mais noção de lugar em sua própria cidade.

É necessário melhorar o transporte coletivo; aumentar a segurança nas ruas e implantar mais ciclovias para incentivar o uso de transportes alternativos; construir áreas verdes na cidade: fazer com que as praças e as ruas de nossas cidades sejam mais repletas de árvores e plantas no geral (o que amenizaria o problema do intenso calor - no caso da região Norte - e da poluição do ar, aumentaria a biodiversidade e melhoraria a aparência da cidade).

Para que tudo isso ocorra, o Brasil precisa mudar o modelo de desenvolvimento, crescendo sustentavelmente, tomando-se as devidas providências para os mais variados problemas, como a falta de acessibilidade aos deficientes físicos, como a Bruna já falou aqui. 

É óbvio que eu não sou nenhuma especialista no assunto, mas indico que conheçam o trabalho de quem é: o projeto "Cidades para pessoas". Eles fazem diversas ações - como reportagens, ilustrações, exposições e palestras - educativas que expõem práticas e ideias que dão (ou podem dar) muito certo, mostrando de forma bem positiva que nem tudo está perdido. É desta vibe que precisamos nas próximas manifestações. A gente viu muitas plaquinhas dizendo que estava tudo ruim, mas não vi nenhuma dizendo "vamos melhorar juntos?"

As cidades brasileiras têm esperanças e grandes expectativas para se tornarem lares de cidadãos felizes, satisfeitos e seguros, e, assim, serem espaço de diversidade social, um espaço organizado e justo, um espaço para todos. Para dar um pouco de inspiração, assista ao vídeo abaixo do Cidades para pessoas:

Fonte das imagens (respectivamente): Agência Brasil e Atitude Eco.