Um mundo em que as pessoas encerram os limites de seus conhecimentos, consumindo todo o seu tempo em torno de pouca coisa. Um mundo em que o habitante ideal procura conhecer cada vez mais sobre cada vez menos, saber tudo sobre nada e voltar seu conhecimento para si mesmo, ignorando sua função social. Um mundo voltado quase que exclusivamente para o mercado e que abriga habitantes que se submetem a essa lógica, definindo o comodismo e a apatia individualista de suas vidas. Afinal, para esses estrangeiros do mundo real, nenhum conhecimento vale a pena caso não encurte a distância entre nós e o lucro. Essa é a universidade, mais uma instituição descaracterizada e submetida a objetivos mercadológicos.
O RAP - termo que significa rhythm and poetry (ritmo e poesia) - surgiu na Jamaica na década de 1960. Esse gênero musical foi levado pelos jamaicanos para os Estados Unidos, mais especificamente para os bairros pobres de Nova York, no começo da década de 1970. Jovens de origem negra e latina, em busca de uma sonoridade nova, deram um significativo impulso ao RAP.
Esse ritmo veio evoluindo desde 1986, quando apareceu no cenário brasileiro e, hoje em dia, vários ritmos foram adicionados às letras ritmadas, como, por exemplo, o samba, o rock e o reggae, e assim o público brasileiro foi tomando gosto pelo estilo de música que muito já sofreu preconceito por ser vista como música de periferia e associada à criminalidade.
É muito comum associarmos juventude à rebeldia. Ou pelo menos é normal esperarmos dos jovens que eles se inquietem com os padrões estabelecidos pela sociedade e que, consequentemente, anseiem por mudança. Isso era, pelo menos, o que estávamos acostumados a esperar dos jovens das décadas de 50 e 60, por exemplo. Costumávamos sentir deles uma grande determinação e necessidade de abolir a ordem natural e positiva das coisas. Tais jovens desejavam este perfeito igualitarismo e o fim de todas as inibições de tal forma que procuravam obtê-los através de revoluções, como fizeram os jovens, grande maioria parisienses, em maio de 1968 na Revolução Cultural de Sorbonne, cujo lema era "é proibido proibir".
Se olharmos para a juventude após essa revolução, mais precisamente a juventude pós-moderna, e a compararmos com a das décadas passadas, podemos afirmar que a Revolução de Sorbonne realmente modificou os costumes, hábitos e modos de ser dos jovens. Nesse sentido, podemos perceber neles vestimentas mais extravagantes, e até "imorais", e o uso de um palavreado mais adulterado.Contudo, parece que essas mudanças param por aí. Se olharmos com um olhar mais aprofundado, o que realmente se percebe é que a forma de pensar desses jovens parece ter sofrido um "revertério" e os antigos ideais foram substituídos por ideais cada vez mais conservadores. Fazendo, portanto, com que a revolução pareça ter tido um resultado completamente oposto ao desejado.
"A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional." (Umberto Eco)
Na
era tecnológica na qual vivemos, as pessoas parecem estar
deixando cada vez mais a leitura de lado e dando prioridade a coisas
fúteis e desnecessárias que o mercado nos apresenta: seja a
adaptação de um livro para as telas do cinema – que muitas pessoas
deixam de ler a obra já que ver o filme é "mais divertido" –,
ou seja, as novas tecnologias que surgem a todo momento, que servem
para induzir o consumidor a escolhê-las ao invés de um simples monte
de papel. Mas o que as pessoas estão esquecendo é que a leitura é
fundamental para o ser humano, para a sociedade e para a vida.
Imagine você, que está lendo este blog agora, o que seria do mundo
sem a leitura, sem a fantasia, sem a magia, sem o mistério e sem o
conhecimento advindo dos mais diversos tempos e mentalidades? Pois é, um
grande vazio.
Hoje, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. Ou Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em termos oficiais. E nenhum tema tem mais a ver com o Fragmentos do que a discussão que essa data comemorativa promove. Diferentes e iguais a um só tempo, o conjunto de membros que formam este blog representam uma parte da enorme diversidade da sociedade brasileira. Por isso e pela importância socioeducativa desse dia, não poderíamos deixar de falar sobre a discriminação racial e a exclusão social praticadas por essa humanidade que não aprendeu a valorizar sua própria diversidade.
A construção e a apreensão de novos saberes impulsionam o processo de transformação psicológica, motora e cognitiva do ser humano, fundamentando nossas ações, que, por sua vez, tecem e são tecidas por nossa cultura. Sendo assim, (muito) ao contrário do que pensa o homofóbico J. R. Guzzo, articulista da decadente, desonesta, anencéfala, estúpida, antiética e reacionária revista Veja, as conquistas sociais e democráticas não são decorrentes do "avanço natural das sociedades no caminho da liberdade". São nossas ações, fundamentadas em nosso conhecimento e visão de mundo, que provocam quaisquer mudanças. Embora ajam diversos obstáculos e grandes limitações sociais, também produzidos por pessoas semelhantes e estranhas a nós, somos todos protagonistas de nossas histórias e, portanto, responsáveis por nossa sociedade (ou pelo que dela será).
Nesse sentido, se não conhecemos pelo menos a superfície dos acontecimentos e as lutas empreendidas por todo o mundo, podemos cair no lugar-comum da ignorância conservadora, aquela mesma que diz que, já que não existem raças biológicas, não há racismo no Brasil nem alhures. Ou que, em terra de dândis ilibados, não há discriminação racial, o que há são problemas de ordem exclusivamente socioeconômica. Ou ainda formulações aparentemente mais elaboradas como a do sociólogo Demétrio Magnoli (o herói da Globo, da Veja e de seu congênere "intelectual", o Instituto Millenium), que trabalha com a ideia de que existe racismo em nosso país – há algum tempo, dizia que era apenas uma invenção histórica –, mas que não existe uma difusão popular do problema, a qual, segundo ele, alcançará níveis estratosféricos com a implementação das cotas raciais nas universidades brasileiras e em certos concursos públicos, pois garantirá privilégios a grupos específicos da sociedade.
Será que o "racismo à moda brasileira" não está suficientemente difundido? Será que dizer que as cotas raciais institucionalizarão o preconceito e a discriminação, fazendo com que alcancem espaços ainda não "afetados" e comprometam a qualidade das instituições públicas de ensino superior, não denotam profundo desconhecimento da realidade educacional, inclusive de instituições onde cotas já entraram em vigor há alguns anos, e das condições em que a comunidade negra vive?
De fato, a discriminação racial no Brasil não apresenta determinadas características como a que é observada nos Estados Unidos, onde a causa negra ganhou repercussão internacional por meio das figuras de Martin Luther King, Malcom X e das ações abomináveis da Ku Klux Klan, grupo formado por brancos protestantes que praticava forte violência contra negros, católicos, judeus e imigrantes. Não temos, como nos EUA, por exemplo, greves em que os trabalhadores paralisam fábricas inteiras para impedir a contratação de negras e negros. No entanto, o pensamento obtuso desses "intelectuais" quer diminuir o impacto da violência da discriminação à brasileira ao não considerar a grande e negativa relevância das inúmeras piadas racistas; dos comentários depreciativos; da violência física; dos baixos salários, que são menores que os baixos salários da população branca; da repressão policial; da criminalização da cor da pele e da pobreza; do desrespeito à cultura e à propriedade das comunidades remanescentes de quilombos etc. Diante disso, ainda dizem que o movimento negro exige privilégios, não direitos iguais.
Obviamente, a discussão sobre cotas raciais rende muito mais e é muito mais complexa do que isso, mas é importante ressaltar o seu papel no atual contexto do movimento negro brasileiro, que é o mais bem organizado e popularizado do gênero no país. Notamos, a partir dessas breves colocações, que ainda há muito a ser conhecido, e sempre haverá. Daí a importância de uma data comemorativa como o Dia da Consciência Negra.
Apesar da persistência da discriminação racial, muitas conquistas foram alcançadas no último século. As primeiras personagens negras do cinema, por exemplo, foram representadas durante as primeiras décadas do século XX apenas como vilões ou empregados. A discussão racial foi definitivamente introduzida no grande cinema americano apenas a partir das décadas de 1950 e 1960, quando filmes como Giant ("Assim Caminha a Humanidade", George Stevens) e To Kill a Mockingbird ("O Sol é para Todos", Robert Mulligan) fizeram sucesso nos Estados Unidos. Ainda eram produções que traziam protagonistas brancos, como Gregory Peck, Elizabeth Taylor, Rock Hudson e James Dean, colocando negros, indígenas e latinos como coadjuvantes de suas próprias vidas, vítimas inertes e incapazes de resistir ao preconceito e à discriminação, mas que já representavam um importante avanço na luta pela visibilidade e inclusão social das raças oprimidas.
Entretanto, essa não era uma exclusividade do cinema. Esse era o pensamento que fundamentava as reflexões desse período sobre as "minorias" sociais. Em contraposição a Gilberto Freyre, que destacava as relações harmoniosas entre senhores e escravos, historiadores da década de 1960 e 1970 enxergaram apenas o caráter perverso do sistema escravista e o poder de uns sobre outros, desvalorizando as diversas formas de resistência dos escravos e o seu protagonismo nas transformações sofridas pela sociedade brasileira.
Negar seu protagonismo e a pressão social exercida por suas ações implica em dizer que o abolicionismo foi fruto apenas das poesias de Castro Alves e Luiz Gama, dos discursos de Joaquim Nabuco, da consciência ética das elites e da benevolência da princesa Isabel. Não podemos negar, portanto, que os negros estavam na linha de frente dessas mudanças e foram os principais responsáveis pela modificação de sua própria condição. São, pois, inteligentes e capazes. Diferentes e iguais aos outros. Isso é "consciência negra".
Com o objetivo de exaltar as origens africanas do Brasil, promover debates acerca da participação das negras e dos negros na construção do país, incitar discussões sobre formas de inclusão social e denunciar o racismo existente na sociedade brasileira, o Dia da Consciência Negra celebra o movimento de resistência dos escravos no passado colonial.
Até o início da década de 1970, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU) preferia ressaltar a data da abolição oficial da escravidão como a principal comemoração afrodescendente do Brasil. No entanto, o dia 13 de maio infelizmente faz lembrar pouco além de um decreto imperial assinado por uma princesa bondosa. Nesse caso, o protagonismo combativo histórico dos escravos não passava de coadjuvante político e simbólico. Então, a partir da iniciativa do Grupo Palmares de Porto Alegre, a necessidade de uma representação personificada das resistências ao sistema escravista protagonizadas pelos próprios escravos foi ganhando repercussão e apoio por todo o país. Em 1978, o MNU assumiria, em congresso, a responsabilidade pela propaganda do Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado em 20 de novembro, em alusão ao ano de 1695, possível data da morte de Zumbi dos Palmares, verdadeiro e, de certa forma, contraditório mártir da resistência escrava. Heroicizado pela historiografia como líder de um suposto movimento de contestação à estrutura escravista e de defesa da liberdade negra e da justiça social, Zumbi carrega em sua inicial a letra "Z", que, no grego antigo, significa "ele está vivo". Decerto, politicamente está.
Duas décadas depois, a data comemorativa começa a ser adotada como feriado municipal, como na capital fluminense a partir de 1999, e estadual, como no mesmo estado do Rio de Janeiro em 2002. Em 2003, Lula sancionou a lei nº 10.639, que, além de tornar obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino básico, incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. Oito anos mais tarde, outra importante conquista do MNU, nesse sentido, foi alcançada a partir da lei nº 12.519, que instituiu, oficialmente, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
Com lembranças para o senador Mário Couto (PSDB-PA) e para a professora universitária Daniela Cordovil (UEPA), divulgamos os pensamentos e as ações das grandes figuras públicas que lutaram pelos direitos das negras e dos negros pelo mundo. Personagens que representam uma multidão que os ensinaram, seguiram e que com eles aprenderam... Com a palavra, os negros, heterossexuais, asiáticos, mulheres, gordos, lésbicas, ricos, brancos, gays, cabras, pobres e magros do Fragmentos:
Há quem diga que nos últimos anos ninguém mais fez nada novo na música. Discordo. Claro que tenho uma espécie de saudade das cenas
musicais já passadas, principalmente das que surgiram a partir da segunda metade do
século XX – e tenho uma certa inveja daqueles que a viveram. Entretanto, apesar de as bandas exibidas pela mídia atualmente – e, logo, que fazem mais sucesso – não saírem muito da sua zona de conforto,
mostrando muitas vezes a mesma música facilmente comercializada, e, mesmo quando
vemos alguns artistas mais "arriscados" em grandes veículos midiáticos, como,
por exemplo, Lady Gaga e Marilyn Manson – que, embora sejam dois artistas que
eu admiro, uma vez que adoro o fato de Manson não ter medo de fazer provocações
às instituições religiosas e Lady Gaga ter acabado com o padrão de estética de "princesa do pop" na música desse gênero com sua esquisitice (por mais que ela seja, sim, um
produto muito bem criado) –, pode-se perceber que, na verdade, eles só são uma
junção de tudo aquilo que já foi feito por outros artistas antes – como Madonna
e David Bowie, Alice Cooper e Iggy Pop – sem mostrar uma característica própria.
Ele era branco, tinha as costas arqueadas para frente, trazia na pele as marcas do tempo, as marcas que encontramos, invariavelmente, na fisionomia daqueles que já passaram dos 60. Mas ele, bem... ele já passara há muito dos 60, arrisco dizer que já chegara aos 75, mas parecia já ter ultrapassado os 80, pois o tempo, o trabalho árduo de sol a sol e a vida de proletário o castigaram bastante. Ele era somente mais um daqueles anciões que sentam frente a suas casas para observar o movimento da rua e, na cabeça, aquele filme feito de um amontoado interminável de lembranças.
Esse senhor - infelizmente não sei seu nome - passava diariamente pela rua de minha antiga casa, com um gaiola na mão, bem cedo. Ia passarinhar em algum lugar, alguma mata que ainda tivesse pássaros. Um transeunte de passos lentos e curtos, mas não, não moribundos, eram passos fortes e vivos. Outras vezes, eu o via sozinho, na frente de sua casa de tijolo cru - ele morava só -, capinando, atento a tudo. Ele pensava que se parasse de trabalhar, tudo parava, inclusive sua vida. Parar é morrer e morrer é coisa que ele, sem dúvida, não queria. Eu via em seus olhos o gosto pela vida.
Por hora, somos jovens, mas, daqui a pouco tempo, seremos adultos, não pela idade, até porque não existe idade certa, mas porque
estamos crescendo nem tanto e aí vem a faculdade, o trabalho, a família
e teremos cada vez mais preocupações e responsabilidades. O tempo não para.
Querendo ou não, as nossas atitudes de hoje influenciarão no que seremos no
futuro. Estamos descobrindo quem somos, formando caráter e, para isso,
inevitavelmente, buscamos referências, exemplos a seguir na sociedade, algo do
tipo: "Quando crescer, eu serei igual a fulano!", que às vezes pensamos até
inconscientemente. Lemos, escutamos músicas, assistimos a filmes, observamos os
adultos que nos cercam e, de certa forma, somos uma mistura de tudo isso.
Outro dia, conversando com o meu pai, começamos a
discutir sobre as referências que nós, jovens, temos hoje. O meio de
comunicação de massa mais utilizado atualmente é a televisão – lê-se Rede
Globo, terceira maior emissora de TV do mundo, mas que supera as outras duas em
termos de manipulaçãoinfluência –, que transforma em sucesso
(referência) a maior parte do que divulga, priorizando o que dá mais lucro. Sendo assim, não é necessariamente por, digamos assim, merecer ser referência para a sociedade que muitas coisas acabam se tornando uma. São
pequenos detalhes aos quais não estamos muito atentos e que acabam, muitas vezes, passando
despercebidos no nosso dia a dia, mas que merecem uma maior atenção, pois podem trazer
consequências desagradáveis dentro de poucos anos, visto que de alguma forma refletirão no nosso futuro não muito distante.
Todos sabemos que as crianças têm o direito de viver sua infância. Isso até parece óbvio, no entanto, crianças vêm sendo expostas de maneira obscena em programas de TV e em concursos de "beleza mirim", onde passam por diversos tratamentos estéticos e comportamentais a fim de ficarem parecidas com miniaturas de modelos adultas, perdendo, dessa forma, a melhor parte de suas vidas: a infância.
É frustrante pensar
que esses jovens seres passam por níveis de tensão tão desnecessários. As
meninas precisam estar sempre perfeitas, parecendo bonecas, mas agindo como se fossem adultas. As mães,
que deveriam estar preocupadas com a educação delas, só pensam em satisfazer
seus próprios egos. Afinal, não é para isso que expõem sem nenhum pudor as suas
crias? Porque, se pararmos para pensar, esses concursos para escolher misses
sei-lá-o-que só servem para isso mesmo, para consumar vontades e
vaidades de alguns adultos.
A educação e os problemas relacionados à sua plena implementação compõem um tema que fundamenta algumas das principais discussões acerca dos obstáculos que impedem um melhor desenvolvimento social e humano. Essas dificuldades são ainda mais intensas e perceptíveis no ensino básico, setor em que, embora vejamos projetos como o da obrigatoriedade do ensino de História e cultura da África e o do malsucedido "kit contra a homofobia", a preocupação governamental brasileira é, há décadas, quase que exclusivamente quantitativa: matricular e aprovar um grande número de estudantes.
Hoje, pensamos em ensino formal e "educações" voltadas especificamente para crianças e jovens, mas nem sempre houve essa preocupação. Philippe Ariès, em sua "História Social da Criança e da Família", clássico da chamada História das mentalidades, demonstra como a noção de infância enquanto estágio específico do desenvolvimento humano é recente. Segundo o historiador, antes do século XVIII, a criança e o jovem eram vistos como adultos em miniatura, não possuindo, então, nenhuma particularidade. Os jogos dos quais participavam, suas roupas e sua sociabilidade eram os mesmos dos adultos. Portanto, a ideia de uma educação específica, de um ensino formal voltado para a formação e o desenvolvimento de aptidões básicas para o aprimoramento motor e cognitivo da criança e do adolescente, não é uma preocupação muito antiga.
Decorrente dessa mudança de mentalidade, a escola, como a conhecemos atualmente, é uma invenção ainda jovem. A Pedagogia, por exemplo, surge como conhecimento cientificamente organizado apenas na segunda metade do século XIX. Não por acaso, os nomes mais famosos a respeito do estudo da educação e de seus procedimentos psicológicos são intelectuais novecentistas (século XX): Piaget, Vigostsky, Paulo Freire. Sendo assim, alguns dos problemas com que nos deparamos no ensino básico só são entendidos como problemas há menos de duzentos anos. Já a intolerância e a discriminação, tão presentes no mundo escolar, ainda nem eram percebidas como problemas. Pelo contrário, havia estudos pseudocientíficos que justificavam a superioridade social dos brancos em relação aos negros e demais etnias não-europeias pelo seu suposto componente racial, naturalizando, por meio de observações das diversidades fenotípicas da (única) espécie humana, condições históricas de submissão compulsória. Eram concepções completamente etnocêntricas*.
Outro
dia, eu estava assistindo por pura falta de opção ao Balanço Geral do
Pará, na Record, e, bem, acho que já é um consenso que a qualidade jornalística
do programa é lamentável, porém, ele conseguiu me surpreender quando tratou de
orientação sexual nas escolas em uma de suas matérias.
Na
dita matéria, que foi sobre uma escola, em Minas Gerais, a qual virou caso de
polícia por tratar do assunto com crianças em torno de 10 anos de idade, o
pseudo-jornalista, que, infelizmente, é um formador de opinião,
utilizou-se de toda a sua artimanha para reforçar a ideia de que ensinar crianças
e jovens sobre sexualidade nas escolas é um absurdo.
Esse
excepcional jornalista usou argumentos como "essas crianças não estão
preparadas para isso", "são perguntas que nem eu mesmo [como se ele fosse algum
ponto de referência] teria coragem de perguntar à minha mãe" e outros como
esses, sem embasamento algum para questionar a validade de perguntas como "o que é sexo anal?", "fazer sexo dói?", "homem pode engravidar?" etc. Além desses belos argumentos, o programa ainda
fez questão de entrevistar os pais das "pobres vítimas", o que, é claro,
contribuiu com mais apoio à ideia de que isso é um absurdo, e esses pais ainda
afirmaram, indignados, que a escola não tinha o direito de tal feito, pois isso
faria com que toda a criação que eles deram aos seus filhos fosse estragada.
Após todo o suspense e espera, finalmente estamos de volta. E esse retorno se deu a partir do (muito bem recebido) Especial de Halloween, que trata dessa data tão cercada de mistérios, assombrações, doces e criaturas das trevas. O motivo de termos feito essa pausa foi por
conta da necessidade que sentimos de tornar o nosso estimado blog mais
agradável e de tentar sermos mais "responsáveis", mudando o nosso layout e
fazendo o possível para que, com a chegada das provas de vestibular e do fim de semestre nas universidades, a quantidade de publicações se mantenha igual, em termos quantitativos e qualitativos, através da adição de novos e renomadosfragmentos à nossa equipe.
Algumas das mudanças são bem perceptíveis, como o novo visual que ficou lindo graças ao cara do designer. Helder, a gente te ama! e a
divisão dos textos em cinco categorias específicas: arte e cultura, sociedade e política, meio ambiente, pensamento/opinião e diversos; outras mudanças nem tanto, como o Us feat., que foi incrementado com várias novas indicações. Já os novos membros, os quais passaram por um criterioso processo de seleção para poderem ingressar na equipe Fragmentos, por sua vez, serão revelados juntamente com seus
respectivos textos de estreia.
Todavia, além de inovar, também tentamos
melhorar o que já tínhamos e fizemos isso através da avaliação das postagens
de todos os colunistas. A partir dessa avaliação, fomos capazes de nos dar conta dos
assuntos que eram mais bem aceitos pelos nossos leitores, o motivo de textos - ainda que bem escritos - não serem tão interessantes, aspectos gerais que
poderiam ser aprimorados etc. Com isso, pretendemos melhorar ao máximo nosso conteúdo, sempre visando agradar nossos leitores (e preparem-se, pois textos de temas mais inusitados
e/ou polêmicos também fazem parte dessa nova fase).
Portanto, esperamos sempre oferecer o nosso melhor para você, leitor. Não se esqueça que na próxima terça, dia 6 de
novembro, o primeiro dos quatro novos membros será revelado, não deixe de
conferir. É um verdadeiro prazer para nós estar de volta. Vemos vocês nos comentários!