Quem nunca ouviu dos seus pais: "menino(a), já tá na hora de amadurecer e começar a se virar sozinho". Mas, por outro lado, quem também nunca ouviu: "mas filho(a), você ainda é meu bebê muito jovem pra isso!". Pois é, pois fique sabendo que você não está sozinho no mundo. E isso é mais estressante ainda quando ouvimos isso aos 18 anos, pois é a famosa fase de transição de uma criança quase sem responsabilidades para a fase adulta (ou quase adulta), até porque é nela que passamos por milhares de dúvidas internas. Sobre o que se passa dentro de nós, acho que a música I'm Eighteen, do Alice Cooper, traduz isso de uma forma quase perfeita:
"Sou um menino e sou um homem/ Tenho dezoito/ E eu não sei o que quero (...)
A mente de um bebê e o coração de um ancião/ Levou dezoito anos para chegar até aqui/
Nem sempre sei do que estou falando/ Parece que estou vivendo em meio a dúvidas"
Bem, desde que somos crianças, nossos pais vêm nos dizendo que temos que aprender a fazer as coisas sozinhos para que, depois, não tenhamos dificuldades quando precisarmos viver as nossas próprias vidas de "gente grande", estando, assim, preparados. No entanto, o que eu venho percebendo é que grande parte desses pais que nos dizem para nos virarmos sozinhos têm uma dificuldade enorme em nos deixar tentar ser mais livres, ou seja, o bom e velho "você ainda é muito jovem para isso".
Digo isso porque esse medo de não conseguir se virar sozinha vem se tornando um dos meus maiores. Vejo-me presa em uma idealização de bebê e, ao mesmo tempo, vejo-me sendo cobrada como já sendo adulta. Por exemplo, para certas coisas como ficar até tarde na casa de um amigo, ir a uma festa em outra cidade ou algo do gênero, sou considerada muito nova, mas para pegar um ônibus sozinha para ir à faculdade, trabalhar, pensar nas despesas da casa, sou considerada velha o suficiente e, portanto, responsável.
Não, isso que estou falando não é besteira, é, ao contrário, algo muito sério, pois acredito que tem certos limites para essa superproteção dos pais. Parece que eles, pelo menos alguns deles, não conseguem assimilar que nós teremos que "partir" um dia e que, para isso, precisamos aprender a "voar com as próprias asas", e que, mais importante, isso tem que ser feito aos poucos. No entanto, a sensação que eu tenho é de que eu vou ser "jogada" no mundo sem experiência nenhuma por ter uma mãe-coruja que muitas vezes me priva de certas experiências, não por mal, tenho plena consciência disso.
Um bom exemplo desse medo de nos perder é quando nós começamos a namorar, principalmente se formos mulheres. Na maioria das vezes, os pais viram verdadeiros neuróticos e começam a colocar defeito sem tudo relacionado ao seu parceiro(a) e ao seu relacionamento. Isso tudo pelo simples medo de perder o filho(a) querido(a) que eles criaram com tanto esforço. Isso é até bem compreensível, mas é necessário haver uma certa cautela, pois, afinal, é certo o ditado que diz que não se criam os filhos para si, e sim para a vida.
Para tentar resolver esse impasse, que, se você for como eu, é de uma dificuldade inexplicável, atitudes simples podem de ser tomadas. Sempre tive dificuldade de me expressar em relação a precisar de um certo empurrãozinho para poder realizar o meu "primeiro voo", parecia ser algo errado a se pedir e que eu tinha que aceitar minha condição. Todavia, comentando essa minha dificuldade com meu psicólogo, percebi que era algo realmente necessário de se fazer, senão eu realmente iria ser jogada no mundo sem experiência.
Porém, isso não significa que a coisa certa a se fazer é chegar aos pais e se impor desrespeitando as suas autoridades que, obviamente, existem, pois eles vão reagir da pior forma possível. Deve-se, portanto, tentar se impor calmamente e aos poucos, procurando mostrá-los que eles podem estar exagerando e que todo jovem precisa disso. As palavras têm que ser bem colocadas, por exemplo, ao invés de chegarmos a eles e falar "mãe ou pai, posso ir a tal local ou de fazer tal coisa?", deveríamos falar "mãe ou pai, eu gostaria de ir a tal local ou de fazer tal coisa", tendo sempre cuidado para não chegar ao extremo de falar "mãe ou pai, eu vou a tal local ou farei tal coisa", para não ser entendida como uma ameaça à suas já mencionadas autoridades.
Fonte da imagem: Agraciada.
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