Facebook sentimental

Inveja. Esse é um dos sentimentos estimulados pelo Facebook, segundo uma pesquisa realizada em conjunto pela Universidade de Humboldt e Universidade Técnica de Darmastadt. O estudo, intitulado em português “Inveja no Facebook: Uma Ameaça Oculta à Satisfação da Vida dos Usuários?”, sugere que os usuários dessa rede social em questão são passíveis de despertar sentimentos negativos, devido, dentre outros motivos, à facilidade de comparação a que estão sujeitos.

É fácil de observar, por exemplo, quando estamos visualizando nosso feed de fofocas notícias, a demonstração exagerada de felicidade cotidiana, como fotos de viagens e lazer (aparentemente) incríveis daquele parente e/ou amigo — uma das causas, aliás, mais citadas que desencadeia inveja nos usuários do Facebook, ainda de acordo com a pesquisa alemã.

Outro motivo de inveja são as interações sociais. Quem nunca  principalmente nós, jovens  ficou com “inveja” da quantidade de “curtidas” e de comentários em fotos e posts e do número de felicitações pelo aniversário d@s amig@s? Ademais, o estudo também relaciona a idade do usuário ao processo de inveja. Isso quer dizer que as pessoas mais velhas tendem a ter mais experiências em lidar com a indução desse sentimento. Mas nem sempre, eu concluo.


Atribuo esse sentimento à necessidade de aceitação social que nós temos como seres humanos, dominados pelo desejo universal de aprovação, daí a consequente “inveja” do êxito das relações sociais dos outros.


Não é vergonha nenhuma, pois, admitir que já sentiu  ou (ainda) sente  “inveja” ao estar navegando pelo Facebook, até mesmo porque, como a própria pesquisa conclui, esse é um sentimento onipresente e universal, inalienável da interação social e muito importante para o nosso processo evolutivo, já que ele pode nos conduzir à aprendizagem, motivação, melhor desempenho e realização  desde que saibamos lidar com ele. E o primeiro passo para isso, acredito, é afirmando que já o sentiu. Quando não, a inveja pode levar à frustração, ao sofrimento mental e até mesmo à depressão.

Certamente muitos são os efeitos emocionais provocados pelas redes sociais. Atrevo-me a dizer que muitos desses sentimentos (ou todos, talvez) desencadeados por elas, em especial no Facebook, são potencializados, de certa forma, em razão da necessidade de status social do mundo contemporâneo.


Quando vemos, por exemplo, a frequente (e suposta) felicidade alheia esbanjada a todo gosto por grande parte dos usuários do Facebook, nós somos levados — mesmo que inconscientemente — a também promover a nossa autoimagem feliz, mesmo que não estejamos tão felizes assim.

Portanto é comum, feliz ou infelizmente, a vida de aparências na maior rede social do mundo, a começar pelas fotos que, geralmente, levam um tratamento especial para deixá-las, digamos, mais “bonitas”, o que conta também com a proliferação de posts narcisistas fazendo autopromoção de si. Existe até mesmo um aplicativo que simula uma vida social agitada na rede: o CouchCachet, que faz check-in em lugares pré-definidos pelo usuário.

Qual o limite, entretanto, da necessidade da tal aceitação social e status? Viver uma vida artificial na rede é realmente válido para supri-la ou só diminui o sentimento de “fracasso social”? Está lançada a questão.

Fonte das imagens (respectivamente): Softonic e Matéria Incógnita.

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