Lembra quando você estudou o Dadaísmo no Ensino Fundamental e a professora mandou fazer aquela típica atividade de cortar
palavras em revistas e juntar aleatoriamente? “Muito louco”, deve
ter pensado, “Que sem noção”, “Como aqueles caras pensaram nisso?”. Pois é, se
você acha que os “caras” pensaram nisso (no passado), está muito
enganado: a verdade é que o Dadaísmo continua presente, e não é só na página Dadaísmo em quadrinhos, do Facebook. Não acredita? É só
observar os desenhos animados atuais.
Tá. Antes de mais nada, o que é
Dadaísmo? Em meio à Primeira Guerra Mundial, um grupo de refugiados (escritores
e artistas plásticos) criou esse movimento artístico como forma de reflexão da
revolta, violência, indignação e instabilidade da época. Eles juntaram toda a
confusão do momento e a irracionalidade daquela vida de guerras e pensaram
“What the hell? Nada mais faz sentido”. Nasceu, assim, o Dadaísmo, cujo nome
também não tem significado nenhum – alguns estudiosos dizem que remete à linguagem
das crianças (gugu dadá, acredito
eu). É válido acrescentar que o movimento foi também um contraponto à arte
tradicional e ao capitalismo e valores burgueses.
Agora, voltando aos desenhos
animados: os maiores sucessos – tanto infantis quanto adultos – têm seguido a
linha no sense, falando sobre todas
as coisas e coisa nenhuma, misturando tudo sem uma lógica aparente, mas que, por fim, dá certo. Vejamos exemplos:


Adventure Time (no Brasil, "Hora de Aventura"):
esse é bem novinho, de 2010, e também voltado para as crianças (embora não só
elas assistam, é claro). Na minha opinião, é o ápice do Dadaísmo atual. A
própria história do desenho já revela isso: foi baseado no curta Adventure Time, parte do spin-off Random! (“Aleatório!”, em inglês) e seu
gênero está entre o pós-apocalíptico, a fantasia e o surreal. O enredo se centraliza
nas aventuras dos melhores amigos Finn, um garoto humano, e Jake, um cachorro
falante e mágico, que vivem na Terra de Ooo, salvando princesas e ajudando a todos, vivendo uma eterna hora da aventura, realmente. A Hora da Aventura é hoje um dos programas
de maior audiência infanto-juvenil, e disputa com outro desenho do mesmo canal,
Apenas um Show.

Enfim, todos esses desenhos parecem
uma doidera, e são, mas dá certo: em sua própria forma, cada desenho critica e
faz reflexões sobre a sociedade contemporânea e tudo o que há de mais louco e
sem sentido nela, falam sobre os sonhos impossíveis que compartilhamos e creem
na fantasia, seja no ponto de vista infantil, seja no adulto – além de, pelo menos em mim, provocarem altas crises de riso do tipo “socorro, estou sem ar”.
A minha hipótese de o movimento
ter “ressurgido” atualmente é que seria uma resposta ao cientificismo e à
necessidade de tudo ter um sentido, um significado por trás. Mais
especificamente em relação aos desenhos animados. Em uma geração na qual os
desenhos sempre têm uma lição de moral e um ensinamento de vida, urgiu a
criação de alguns sem sentido, apenas de entreter – pelo menos
superficialmente. Agora, o por quê de os criadores fazerem tais personagens da
forma escolhida, não sei lhe dizer. Apenas: dadá?
Fonte das imagens: Wikimedia Commons.
Fonte das imagens: Wikimedia Commons.
Flapjack e Hora de aventura >>>>>> Qualquer outro desenho atual.
ResponderExcluirEUASHUEHUASEUEAUSH