Anne Frank: uma jovem mártir do Holocausto

"Uma única Anne Frank nos emociona mais do que milhares de outros que sofreram tanto quanto ela, mas cujos rostos permaneceram na sombra."
Primo Levi

Sempre procuro preencher as horas vagas com leitura. Por isso, uns dos melhores presentes que alguém pode me dar são livros. Recentemente, fui presenteada com "O diário de Anne Frank". Sempre tive vontade de ler esse livro, mas por algum motivo, nunca antes o havia feito. Aproveitando o tempo livre extra das férias, decidi ler alguns livros, entre eles o Diário. E, amigos, posso dizer a vocês que foi uma experiência incrível. A obra narra o cotidiano de uma garota judia e sua família, de 1942 a 1944, e a maior parte é narrada enquanto viviam no Anexo Secreto, um esconderijo em Amsterdã (Holanda).

Uma jovem mártir do Holocausto A jovem Annelisse Maria Frank, mais conhecida como Anne Frank,  nasceu no dia 12 de junho de 1929, em Frankfurt, e era a segunda filha do banqueiro Otto Frank e da dona de casa Edith Frank, abastados judeus alemães. Aos 4 anos de idade, com a ascensão de Adolf Hitler ao poder, Anne e sua família foram obrigados a sair do país, passando a morar na Holanda. E, apesar das alarmantes notícias sobre a intensificação de discriminação aos judeus, em Amsterdã a família desfrutava  da relativa liberdade e tranquilidade. Lá, a jovem judia era muito estimada entre os colegas de classe, entre os professores e, principalmente, entre os garotos.

No entanto, por mais que houvesse essa tal "tranquilidade", o pai de Anne não se descuidou e promoveu medidas para, caso necessário, salvar sua família. Aos poucos, mobiliava um anexo vazio na casa 263 da rua Prisengracht, num prédio atrás do escritório de sua firma. Com a perseguição aos judeus deflagrada também na Holanda, em 1942, Otto Frank, sua mulher e as filhas juntaram-se a mais quatro pessoas e passaram a viver na clandestinidade. 

Todavia, pouco antes de serem obrigados a se refugiar no Anexo, Anne ganhou de presente, pelo seu 13º aniversário, o famoso diário. No esconderijo, o diário foi o seu refúgio e seu melhor amigo. No seu único instrumento de liberdade, Anne relatou a vida cotidiana no Anexo Secreto, suas alegrias, seus medos, frustrações, reclamações e também a esperança de que tudo voltasse ao normal. Em uma de suas últimas anotações, escreveu:  "Vejo o mundo ser transformado aos poucos numa selva, ouço o trovão que se aproxima e que, um dia, irá nos destruir também, sinto o sofrimento de milhões. E, mesmo assim, quando olho para o céu, sinto de algum modo que tudo mudará para melhor, que a crueldade também terminará, que a paz e a tranquilidade voltarão...".

Anne Frank era extrovertida e contagiante, mas, quando a irritavam, não tinha 'papas na língua'. Ela chamava a si mesma de "feixe de contradições".  Se vocês já tiveram a oportunidade de ler o Diário, irão entender muito bem o que acabei de dizer. Em uma mesma 'carta' à Kitty, que era o ser imaginário que Anne criou e a quem escrevia cartas no seu diário, ela mudava rapidamente de humor e de assunto. Às vezes até se desculpava por ser tão eufórica.

A última anotação em seu diário é datada em 1º de agosto de 1944. Três dias depois, oficiais da Gestapo invadiram o Anexo e prenderam todos que ali se escondiam. Assim que os nazistas deixaram o local, dois dos ajudantes dos Frank e dos Van Dan - a família com a qual os Frank compartilhavam o Anexo - voltaram ao esconderijo e encontraram cadernos e anotações de Anne, os quais recolheram e guardaram junto aos álbuns de fotos da família. Decidiram guardar e entregar a ela quando a guerra terminasse, mas, infelizmente, isso não foi possível. Aos 15 anos, Anne morreu de tifo no campo de concentração Bergen-Belsen. O único sobrevivente da família foi Otto Frank, pai de Anne, a quem, mais tarde, foi entregue as anotações e o diário.

Em 11 de abril de 1944, Anne escreveu: "Algum dia essa guerra terrível vai terminar. Chegará a hora em que seremos gente de novo, e não somente judeus!". A voz de uma criança tornou-se a de muitas pessoas que sofreram e morreram vítimas do Holocausto e essa voz ainda ecoa após 68 anos de sua morte. Seu texto deu origem a produções de teatro, televisão, cinema e até mesmo a uma ópera.

"O Diário de Anne Frank" é um livro fascinante e, ao mesmo tempo, chocante, pois é extremamente diferente relatarmos algo como o nazismo, que nos é apresentado apenas por livros didáticos, e ler os sentimentos de alguém que viveu essa época e deixou sua marca registrada na História. Anne nos legou algo de especial. Ela nos deixou seus seus sentimentos, desejos, tristezas e amarguras. Se um dia chegarem a ler seus escritos, vão se sentir tristes ou felizes como ela (ou até vão sentir que são a própria Kitty, a quem ela conta tudo o que lhe acontece). Talvez por isso esse seja um dos livros mais traduzidos em todo o mundo.

Sinceramente, eu gostaria muito que cada um de vocês reservasse um pouquinho do seu tempo para ler "O Diário de Anne Frank". Se não quiser ler, ao menos assista ao filme! Aqui vai o link de onde você pode assistir integralmente à adaptação clássica de 1959: The Diary of Anne Frank.

Fonte das imagens (respectivamente): Blog U Make Me Wanna Die e Blog Something

1 comments:

  1. Olá gostei muito do texto, eu li Anne Frank quando tinha 13 anos e nunca consegui esquecer por tudo isso que vc citou acima e muito mais...
    Bjs
    http://mundoliterando.blogspot.com.br/

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