Dogmatismos e tradução cultural

Religiosos dogmáticos são um saco. Assim como um saco também são ateus dogmáticos. Afinal, o dogmatismo impossibilita qualquer posicionamento mais profundo e esclarecido em relação à vida. 

Seja hinduísmo, judaísmo, islamismo, santo daime, umbanda, cristianismo ou candomblé, o problema é o dogmatismo, não a religião. Digo, o “mau” religioso é aquele que enxerga apenas o seu mundo e que pretende impor suas verdades sobre as verdades dos demais. E existem bastante religiosos que passam muito distante desse estereótipo. Outro problema é que sempre quando há predominância e poder combinados cria-se um ambiente favorável ao surgimento da dominação.

Thánatos

A tanatofobia, para quem não sabe, é a fobia na qual a pessoa tem medo da morte. Essa fobia recebeu esse nome devido à mitologia grega, na qual Thánatos é a personificação da morte. Se identificou? Pois é, a maioria das pessoas, assim como eu, compartilham desse medo. Isso porque existem vários tipos de medos da morte, como, por exemplo, o medo do que vem depois da morte, normalmente ligados à religião; o medo do processo de morrer (sofrimento prolongado, fraqueza, dependência, estar exposto e vulnerável etc); e o medo do deixar de existir.

Bem, medo é um sentimento natural e fundamental para a adaptação e sobrevivência da espécie humana, sendo necessário para que sejamos prudentes frente a perigos que possam prejudicar a nossa vida, e o medo da morte não escapa disso, ele é importante pois resulta do instinto de conservação e manutenção da  nossa existência. No entanto,  para não haver confusão, medo não é sinônimo de fobia, pois o que caracteriza a fobia é um medo excessivo, irracional, que persiste com o tempo, em relação a um objeto ou a uma situação fóbica, ou mesmo pela sua antecipação.

Indie

A banda inglesa Arctic Monkeys, considerada um dos expoentes do indie rock.
Olá, caro leitor, hoje venho falar um pouco sobre arte e cultura, mas nada de bandas famosas, jogos que têm seu lançamento em grandes conferências ou filmes que arrecadam bilhões nos cinemas ao redor do mundo, vou falar um pouco da cultura indie.

Indie, abreviação de independent, é um termo que basicamente denomina aqueles artistas que não possuem contratos com grandes produtoras e distribuidoras da indústria de artes, games etc. Em resumo, são artistas que iniciaram suas carreiras por conta própria, sem a ajuda do glamour e do dinheiro facilmente obtidos pela indústria do entretenimento.

Ultimamente tenho procurado bandas indie para passar o tempo e, cara, venho achando muitas bandas boas e de sucesso promissor e, claro, continuo também escutando os indies mais famosos como: Arctic Monkeys, The Kooks, Arcade Fire, The Killers, Interpol, The Strokes etc. Mas, recentemente, tenho observado o seguinte fenômeno: é cada vez mais comum os fãs de grandes bandas indie, como as que citei anteriormente, rechaçarem os novos músicos desse estilo.

Uma orquestra reciclada

Imagine uma favela, localizada em uma pequena cidade, no Paraguai, que foi construída sobre um aterro sanitário e que pode até ser considerada uma das favelas mais pobres da América Latina. Imaginou? Agora imagine a vida das famílias que ali habitam, que dependem da cerca de 1.500 toneladas de lixo que recebem diariamente para sobreviver. A perspectiva de vida da maioria das crianças e jovens dessa favela deve ser preocupante, visto que são obrigados a conviver entre lixo, drogas, doenças. A realidade talvez fosse essa, caso não tivessem encontrado uma esperança: a música.


A favela é Cateura, na cidade de Assunção, e tudo começou com o morador da favela Nicolás Gómez, conhecido como “Cola”, e o músico Favio Chávez, que, com um pedaço de lixo e uma grande ideia, começaram a fazer música a partir de instrumentos musicais feitos de lixos encontrados no local. Pedaços de lata, madeira, colheres, garrafas etc: tudo é reciclado e juntado para mudar a vida de muitas crianças e jovens de Cateura.

Desmitificando o mito da felicidade

Queremos ser felizes. A todo momento, somos cercados por várias "ofertas" que prometem nos fazer conseguir isso, cada uma de uma forma diferente, mas com um fator em comum: o consumo. E é assim que se inicia o mito da felicidade.

Bem, esta é uma era consumista, isso não podemos negar. A venda e a compra são as principais preocupações atuais e há uma grande busca em transformar tudo o que puder em consumo, sobretudo a felicidade. Esta é usada não como um produto em si, mas como um fim, uma consequência da, e somente da, obtenção de um produto. A exemplo disso, podemos ver que em praticamente todas as propagandas as pessoas estão felizes principalmente nas de margarina, como essa família ao lado, porque compraram certo carro, porque usam certo perfume, porque consomem certa marca de congelados.

Caçado

Em Outubro do ano passado, fiz um post em homenagem ao Dia dos Professores, “Duas lições”, e nele indiquei dois ótimos filmes que tinham como base a relação entre alunos e professores. E parece que esse cenário é ótimo para se fazer grandes filmes, pois “A Caça” é um filme incrível e que me fez sentir angustiado e com raiva como há muito não sentia, além de confirmar ainda mais o motivo de eu amar tanto a Sétima Arte.

O filme, estrelado por Mads Mikkelsen ("Hannibal") e dirigido por Thomas Vinterberg ("Querida Wendy"), é uma verdadeira obra-prima. Nele, Lucas, um professor de creche recém-divorciado, que vive no que parece ser uma típica cidade pequena dinamarquesa, é injustamente acusado de abusar de uma de suas alunas, o que faz com que sua vida comece a desmoronar por completo. Ele é demitido, seus amigos, e até mesmo seus familiares, desconfiam dele e reagem de diversas formas, desde as mais amáveis até as mais odiosas. O filme acompanha a vida de Lucas por cerca de um ano e mostra as consequências dessa, como ela mesmo diz, bobagem feita por Klara (a aluna de cinco anos que diz ter sido abusada e que também é filha do melhor amigo de Lucas) para se "vingar" dele. O nome do filme tem relação com a tradição local de caça, havendo até uma cerimônia quando um garoto chega à idade adequada para caçar, na qual o mesmo recebe uma arma, o nome também é uma alusão ao fato de Lucas ser “caçado” pelos moradores da cidade após as acusações feitas por Klara chegarem ao conhecimentos de todos.

Em defesa do SUS

Falar de saúde pública no Brasil é complicado. Somos muito bem informados, tanto pela direita quanto pela esquerda política, acerca dos inúmeros problemas encontrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Temos filas para atendimento que são intermináveis, poucos profissionais disponíveis nos hospitais, escassez de equipamentos e medicamentos, baixos salários, negligência médica etc. Disso todo cidadão brasileiro tem conhecimento. No entanto, pouco é discutido a respeito dos avanços ideológicos e conceituais representados pela implementação do SUS a partir da Constituição de 1988 e das Leis Orgânicas da Saúde, de 1990.

Sobre a discussão a nível internacional, aqueles que assistiram ao filme Sicko, do norte-americano Michael Moore, talvez percebam o quanto estamos avançados em relação a grandes potências econômicas como os Estados Unidos, ainda que o documentário se detenha apenas à comparação entre as políticas públicas para a saúde encontradas em seu país de origem e em países europeus e latino-americano, como Cuba.

O documentário demonstra como o sistema de saúde dos EUA está completamente privatizado, fazendo com que toda a população seja obrigada a recorrer a convênios médicos cujo valor normalmente é altíssimo. Caso não tenha dinheiro suficiente nesse país maravilhoso, você ficará sem atendimento algum, seja qual for o seu problema de saúde. Em contraposição, na França e na Inglaterra, por exemplo, onde os tributos são considerados altos à primeira vista, o sistema paga até sua passagem de ônibus para que você procure um hospital. Todos os procedimentos são gratuitos, e o sistema parece funcionar bem.

Carly Fleischmann e o autismo

Meses atrás, mais precisamente em janeiro deste ano, eu estava pesquisando algo no Google similar à palavra Carly iCarly e eis que me deparo com o site Carly’s Voice. No site você encontra o livro da tal Carly e alguns pequenos textos falando um pouco sobre a vida dela. Mas, afinal, quem é Carly? Carly Fleischmann é uma garota diagnosticada com autismo. Mas antes de falar sobre Carly, vou deixar uma breve explicação sobre o autismo.

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento. As causas ainda permanecem desconhecidas, apesar de ser uma área de pesquisa bastante ativa, e o único consenso é que há uma combinação de fatores que levam ao autismo. Engana-se quem pensa que autismo é sinônimo de atraso intelectual. Claro, problemas na inteligência geral e linguagens podem sim estar presentes, mas existem casos de autistas que têm inteligência acima da média. Em dezembro de 2007, a ONU decretou dia 2 de Abril como o Dia Mundial do Autismo. (Sim, eu planejava escrever este texto nessa data, mas acabou não dando certo.)

500 dias com ela: uma história sobre o amor, não de amor

Sabe quando você termina de assistir a um filme e no mesmo momento tem vontade de ver de novo e de novo para sempre? Pois é, acredito que a maioria já tenha passado por isso e, para esses, eu pergunto: foi a história, os atores, a trilha sonora ou tudo junto? Bom, não sei se todos conhecem, mas, hoje, eu irei falar sobre o filme que já me fez passar finais de semana inteiros na frente da televisão assistindo novamente. Hoje eu irei falar de "500 dias com ela".

Para mim, foi a trilha, os atores, a história, tudo junto. Não tem como não se apaixonar por um filme com Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel juntos, com uma trilha que vai desde Pixies até The Smiths, com uma história que é sobre o amor e não de amor. Claro que existem aqueles que não gostam e até dormiram durante o filme, mas é admissível que Joseph e Zooey possuem uma química sem igual – uma dupla imbatível.

Procura-se inteligência no humor

Parece-me que está havendo uma grande confusão na comédia brasileira contemporânea. Ao invés de se usar o humor como ferramenta de expressão dos oprimidos, a comédia tem servido como instrumento dos próprios opressores para autorreferência, vangloriar-se e, às vezes, até autopiedade. Em outras palavras: ao invés de vermos personagens pobres satirizando a elite ou a elite rindo de si mesma, o que temos visto é a elite rindo dos pobres, não em forma de humor inteligente e reflexivo, mas com um humor simplesmente... babaca.

Maus - A história de um sobrevivente

Livros, filmes, documentários. Muita coisa já foi produzida para relatar, informar, fazer refletir sobre a famosa e terrível Alemanha nazista, logo, todos nós conhecemos a História ou uma parte dela. Eu mesma já ouvi, li e assisti bastante coisa relacionada ao assunto e nunca me canso de fazê-lo. Não sou uma neonazista nem nada do tipo. Apesar de ficar assustada com os horrores que leio, assisto ou ouço, acho importante estudar o passado para melhor compreender o presente. A História se repete. Porém, não estou escrevendo para dizer que estudar História é fantástico e que vocês deveriam fazer o mesmo mas é fantástico e vocês deveriam. Este texto é para falar sobre um dos livros mais incríveis feitos até então sobre o nazismo, na minha opinião, é claro: "Maus – A história de um sobrevivente".

Do escritor e cartunista Art Spiegelman, Maus narra a história de seus pais, judeus que sobreviveram ao Holocausto (a mãe por pouco tempo), contada pelo seu pai Vladek Spiegelman. Com o primeiro volume lançado em 1986 e o segundo em 1991, diferente de tudo que já havia sido feito, o livro surpreende logo no inicio por ser uma história em quadrinhos, rompendo com a ideia de que quadrinhos são humorísticos ou suaves. Desenhado em preto e branco, alternando entre o presente e o passado, em Maus, os judeus são ratos, os alemães são gatos, os poloneses porcos e os americanos cães, em uma representação crítica e irônica ao mesmo tempo.

Pais e filhos 2.0

Enquanto fazia compras no supermercado com minha mãe, bati o olho em uma revista no caixa que me chamou a atenção. Fiquei meio envergonhada de pegar ela, de forma que fui lenta e discretamente até ela e coloquei-a na esteira, rezando para minha mãe não a perceber, o que não deu certo.

O motivo de todo o embaraço é que o público-alvo da revista são homens e, principalmente, mulheres que tem ou vão ter um filho em breve. Não, meus caros leitores, não estou esperando um filho nem pretendo ter um até conseguir estabilidade. Isso porque sempre me preocupei com o ato de criar filhos, muitas vezes achando isso uma tarefa muito complicada e de difícil acerto.

Muitas felicidades e muitos anos de vida

É, acreditem se quiser: o Fragmentos chegou ao primeiro ano de vida! A nossa equipe agradece com muito amor e muitos hugs por todo o apoio, todos os likes, todos os comentários e todas as visualizações que vocês nos deram. Sem vocês, não teríamos chegado a este dia.