Pelo fim da cultura do estupro

Herdeira de uma estrutura familiar patriarcal e machista, a sociedade brasileira naturaliza a cultura do estupro, na qual a mulher vive sob ameaça constante de sofrer assédio sexual, não podendo sequer andar livremente pelas ruas, simplesmente por ser mulher. Isso porque, neste país, a mulher é condicionada a seguir um padrão de comportamento, tendo várias obrigações para com o lar, enquanto o homem é educado para subjugar a parceira.

Atualmente, o Brasil apresenta dados alarmante de violência contra a mulher, como mostram pesquisas realizadas pelo SUS. De acordo com essas estatísticas, foram registrados mais de cinco mil casos de estupro em apenas um semestre de 2012, demonstrando a gravidade desse problema, fruto de uma abominação cultural, pois, enquanto essa cultura de estupro for passada através das gerações, as mulheres brasileiras vão continuar sofrendo violência física e sexual, o que não pode ser aceitável em uma sociedade que preza pelas liberdades individuais. Desse modo, é preciso que haja o combate dessa ideologia de submissão da mulher.

No Brasil, já existe uma lei, a Lei Maria da Penha, que, dentre as várias mudanças promovidas, prevê o aumento no rigor das punições sobre agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. Contudo, faz-se necessário o combate à impunidade - que está se tornando comum -, além do acompanhamento e proteção da mulher, que muitas vezes, por medo, acaba por retirar as queixas contra o agressor.

Recentemente, pesquisas informaram que após sete anos de Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher não diminuiu. Entretanto, vale ressaltar que a pesquisa demonstra o número de homicídios no geral, diferente do feminicídio, no qual é registrado o número de mulheres que morre em decorrência de questões de gênero. Sem contar que a Lei é bem nova: são mais de quinhentos anos de cultura machista e apenas sete anos de Lei Maria da Penha, ou seja, o problema não irá ser resolvido em um passe de mágica.

Com isso, é imprescindível o papel do governo na intensificação de campanhas de conscientização e de políticas públicas para o combate da violência contra a mulher. No entanto, deve-se ressaltar o fato de que isso, muitas vezes, já é feito, só não é amplamente divulgado. Portanto, é também importante o papel dos meios de comunicação, propagando as políticas públicas que visam proteger a mulher, para que, assim, esse problema entre realmente na esfera de discussão da sociedade, visando a criação de uma sociedade mais igualitária, na qual as mulheres possam andar tranquilamente pelas ruas, sem temerem se tornar vítimas de assédio moral e/ou sexual.

Por fim, caro leitor, quero apresentar um vídeo, produzido na Índia, sobre a cultura do estupro, que ironiza a suposta “culpa” da mulher em caso de estupro. Deixo o vídeo para que você reflita um pouco mais sobre a problemática:


Fonte da imagem: Cartão Laranja.

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