Ciceramente

Recentemente tive a oportunidade de ir a mais um show de um artista que admiro bastante. A vítima da vez: Cícero. Cícero, para quem não sabe, é um músico que faz parte do movimento de MPB que vem ocorrendo no cenário musical nacional atualmente, juntamente com artistas como Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci, Silva etc. Cícero, mesmo formado em Direito, decidiu se aventurar no que ele realmente ama fazer, música. E após o término da sua banda, Alice, em 2009, resolveu se dedicar à sua carreira solo, lançando seu primeiro álbum de forma totalmente independente em 2011 e o disponibilizando gratuitamente em seu site.

Lembro do primeiro contato que tive com as músicas de Cícero: foi em 2011 mesmo, havia um certo hype no mundo virtual sobre esse novo artista de MPB que havia surgido e era incrível. Prontamente deixei minha curiosidade musical falar mais alto e procurei por esse álbum tão aclamado. Admito não ter morrido de amores pelo CD logo na primeira vez que o escutei, mas também admito que nele havia uma sonoridade marcante, a qual me fez "voltar por mais e mais", até que fui completamente conquistado pelas faixas do tal disco.

Não me considero um especialista em música, mas ainda assim fui capaz de perceber no Canções de Apartamento - o título do álbum, que faz uma alusão ao fato de ele ter sido gravado no apartamento de Cícero - a influência dos “dinossauros” da nossa MPB - Tom Jobim, Cartola, Caetano, entre outros -, mas também ficou clara a originalidade de Cícero com a presença de acordeons, sintetizadores, ótimos arranjos e ótimas letras em suas músicas.

Este ano, Cícero nos presenteou com mais um álbum, Sábado, tirando um pouco aquele aspecto “caseiro” que impregnava seu primeiro disco, o que de maneira alguma o tornou um álbum ruim. Admito que o álbum não atendeu às minhas expectativas, mas acredito que a "culpa" seja mais minha do que de Cícero, já que, depois de um tempo, Canções de Apartamento se tornou um de meus CDs prediletos, o que me fez acreditar que Cícero manteria o mesmo estilo, o que claramente não aconteceu. 

Em Sábado, pode-se perceber o quanto Cícero deve gostar de Radiohead, há claramente uma influência da fase mais eletrônica da banda de Thorm Yorke em diversas músicas do álbum. 

Resumindo, para mim o álbum é surpreendente, isso sem significar que ele é necessariamente bom ou ruim. Tirem suas próprias conclusões.

Mas, voltando ao show, ele fazia parte da programação do Manga Festival - realizado em Belém (PA) nos dias 19 e 20 de outubro - o qual tem seu foco dividido em quatro vertentes, que são moda, música, arte e design. Essa foi apenas a primeira edição do evento, porém já ficou claro o quão promissor ele é, e estou no aguardo de suas próximas edições. Enfim, foi muito bonito ver tantas pessoas cantando praticamente todas as músicas do Cícero a plenos pulmões, fazendo com que eu me lembrasse do show dos Los Hermanos que fui, no qual havia essa mesma atmosfera de cumplicidade, adoração à música e poesia (eu sei, me empolguei um pouco, mas não consigo evitar).

Por fim, algo me diz que boa parte dos leitores do blog já deve, ao menos, ter ouvido falar sobre Cícero, e se não, o que você está esperando para baixar os CDs dele? Despeço-me com o clipe de uma das minhas músicas prediletas, Açúcar ou Adoçante. Escutem e depois me agradeçam. Até mais ver.


Fonte das imagens (respectivamente): Raspas e Last.fm

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