O Brasil está sendo bastante movimentado nos últimos dias por manifestações e protestos que se estendem a cada canto do país e, conforme os dias passam, o número de seus manifestantes cresce surpreendentemente. Todos gritam frases como “O Brasil acordou”, “Todos contra a corrupção”, “Queremos mais saúde e educação e menos Copa”, mas a questão é: dentre tanto “querer” existe um “por quê”?
Tudo começou com o aumento da passagem de ônibus, em São Paulo, de R$3,00 para R$3,20, o que foi, para muitos, o estopim para todas as injustiças que a população suportava até aquele momento, levando inúmeros paulistanos às ruas para manifestar e exigir seus direitos de cidadãos e mostrar que não são estúpidos como o governo pensa. Entretanto, o que seria apenas mais uma reivindicação, acabou por influenciar todo o Brasil e, ontem, 17 de junho, levou cerca de 210 mil pessoas às ruas de todo o país a protestar por seus direitos e buscar melhorias para o país. Eu acredito que o povo pode, sim, mudar o país, mas o que vi em algumas dessas manifestações é que não está havendo um foco e um objetivo a se alcançar. Ora, não me entenda mal, eu sei que todos buscam por direitos, mas eu pergunto: quais direitos? Saúde, educação e segurança? Mas qual é o plano para quando houver uma discussão entre autoridades e manifestantes? Apenas exigir seus direitos? Dizer "eu quero e quero isso agora"? Não sei se eu estou sendo clara, mas tentarei explicar melhor.
Eu presenciei a manifestação que ocorreu aqui em Belém, no Pará, onde mais de 10 mil manifestantes ocuparam uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Almirante Barroso, e, assim como no Brasil inteiro, em geral, criticavam o governo, a Copa e pediam por melhorias. Todos gritavam "Vem pra rua” para chamar as pessoas que estavam nas janelas de seus apartamentos e casas, vi diversas pessoas saírem de ônibus que passavam ao lado da manifestação para se unir ao grupo, havia um grande número de bandeiras brancas penduradas em janelas etc, foi, de fato, algo grandioso, tanto para quem presenciou quanto para a cidade em si. Porém, durante todo o percurso, eu me perguntava “Ué, e as melhorias para a cidade ninguém vai reivindicar?” - afinal, o nome é Manifesto Belém Livre - e a conclusão que eu tive foi de que não era bem uma manifestação para a cidade, e sim para o Brasil. Ou seja, não havia um foco a ser buscado além das “melhorias para o país”. Ou seja, não havia algo sendo exigido para a nossa cidade em si - e, se havia, estava bastante diluído naqueles gritos por “mais educação, menos Copa”. Como eu disse, foi, sim, algo grandioso, mas, em minha opinião, poderia ter sido focado em algo mais específico para a cidade e/ou estado.
Por exemplo, em São Paulo, por mais que não seja apenas por 20 centavos, o foco do protesto são as passagem de ônibus, assim como no Rio de Janeiro. Então, por que não começar a protestar, mas protestar por razões claras e objetivas? Que o manifesto de cada cidade seja próprio para as necessidades da mesma. Que o Brasil se una para lutar pelos direitos de todos os movimentos sociais - que, por sinal, nunca estiveram dormindo - e transformar o Brasil em um lugar mais igualitário e longe dos rótulos e preconceitos.

Não estou falando para que parem com os protestos e manifestações, pelo contrário, espero que todos nós continuemos lutando por um país melhor, porém que esta luta não seja apenas para exigir, mas também para agir em pró de seus desejos. Que todos saibam exatamente o que querem e pelo o que estão lutando. Que todos saibam o que estão fazendo pelo país e não apenas postem em redes sociais o quanto são “revolucionários”. Espero que esse anseio por melhorias não seja momentâneo, mas eterno. Espero que não fiquem cegos de razão e acabem por transformar esse momento que pode ser - e para alguns já é - histórico simplesmente em vontades, mas que, se forem feitos da maneira certa, tudo pode se realizar e, enfim, ser devolvida a ordem para o Brasil.
Fonte das imagens (respectivamente): Rede Democrática e Blog da Folha.