Crítica pela esquerda

A crítica de outros setores de esquerda ao governo do PT precisa ser mais cuidadosa. Digo isso não porque comungo da retórica petista de que partidos como PSOL e PSTU servem apenas para engrossar o coro conservador da direita. Esse tipo de argumento parece, muitas vezes, bem mais uma tática de monopolização da representação política dos trabalhadores do que exatamente uma defesa racional. Mas o que venho percebendo, baseado principalmente nos acontecimentos das últimas semanas, é que a esquerda brasileira anda confusa, pois ainda não aprendeu a lidar com o fato de que, se não temos um governo de esquerda, tampouco temos um de direita. 

Isso não significa que a direita não tenha mais tanto poder quanto antes, mas que a esquerda, de uma forma ou de outra, vem conquistando mais espaço. Sabemos que a direita se encontra tanto fora quanto dentro do governo de coalizão montado pelo PT, e com muita força, como é o caso do PMDB e do PSC. No entanto, as políticas implementadas nos últimos dez anos possibilitaram um sensível aumento na renda da população brasileira. Ricos enriqueceram muito, mas pobres também alcançaram certo poder aquisitivo. Por outro lado, não avançamos de forma significativa em questões como soberania popular, direito à resistência ou combate à desigualdade social, pilares das propostas de esquerda.

Muita calma nessa hora

Em meio a tantos manifestos e tanta empolgação, eu também não poderia deixar de falar um pouco sobre tudo que vem acontecendo. Calma, não passarei horas escrevendo e nem vou prolongar o texto falando demais, serei bem objetivo.

Empolgação, quem nunca se empolgou por algo? Seja por um filme, um ambiente novo, pessoas novas... Um sentimento que nos deixa elétricos e, às vezes, faz com que ajamos sem pensar. E isso é o que vem ocorrendo com muitas pessoas ultimamente.

Sim, pode parecer emocionante e cool participar de tudo que anda rolando, mas vale frisar que não devemos agir apenas por impulso, sobrepondo a emoção à razão. Hoje, por exemplo, acompanhei por uns instantes um grupo que estava protestando no centro da cidade. Abordei um indivíduo que estava segurando um cartaz escrito: “Diga não a PEC 37”, perguntei para ele o que significa o PEC 37, recebi como resposta: “Não sei, juntei esse cartaz do chão para poder protestar”. Como foi citado no texto anterior do blog – Ideologia: Queremos uma para quê? -, não vamos perder o foco, tenhamos um objetivo claro. Não deixemos que toda essa empolgação nos faça andar sem rumo.

Ideologia: queremos uma para quê?

O Brasil está sendo bastante movimentado nos últimos dias por manifestações e protestos que se estendem a cada canto do país e, conforme os dias passam, o número de seus manifestantes cresce surpreendentemente. Todos gritam frases como “O Brasil acordou”, “Todos contra a corrupção”, “Queremos mais saúde e educação e menos Copa”, mas a questão é: dentre tanto “querer” existe um “por quê”?

Tudo começou com o aumento da passagem de ônibus, em São Paulo, de R$3,00 para R$3,20, o que foi, para muitos, o estopim para todas as injustiças que a população suportava até aquele momento, levando inúmeros paulistanos às ruas para manifestar e exigir seus direitos de cidadãos e mostrar que não são estúpidos como o governo pensa. Entretanto, o que seria apenas mais uma reivindicação, acabou por influenciar todo o Brasil e, ontem, 17 de junho, levou cerca de 210 mil pessoas às ruas de todo o país a protestar por seus direitos e buscar melhorias para o país. Eu acredito que o povo pode, sim, mudar o país, mas o que vi em algumas dessas manifestações é que não está havendo um foco e um objetivo a se alcançar. Ora, não me entenda mal, eu sei que todos buscam por direitos, mas eu pergunto: quais direitos? Saúde, educação e segurança? Mas qual é o plano para quando houver uma discussão entre autoridades e manifestantes? Apenas exigir seus direitos? Dizer "eu quero e quero isso agora"? Não sei se eu estou sendo clara, mas tentarei explicar melhor.

Quando se nasce no corpo errado

Para a maioria das pessoas, há apenas dois sexos: o masculino e o feminino, determinados logo no início da vida de cada um. No entanto, o que acontece quando um menino nasce menina? Esse é o caso de Victor Augusto Vasconcellos, mas também é o mesmo de muitos outros transexuais no país e ao redor do mundo.

A transexualidade, muitas vezes, pode ser identificada logo na infância, mas o acesso à informação costuma tardar. O assunto, que ainda não é tão discutido como deveria, é visto como tabu, o que só contribui ainda mais para a discriminação. 

Sucesso

How to Make It in America é uma série americana da HBO, a qual foi ao ar entre os anos de 2010 e 2011¸ que em uma tradução livre significa “Como se dar bem na América”. A série tem como palco principal a cidade de Nova York, onde dois jovens amigos lutam para ganhar dinheiro no mercado da moda de Nova York e, assim, conquistar o tão desejado Sonho Americano.

Fome x desperdício de alimentos no Brasil

O Brasil é um país que produz muito alimento, mas, mesmo assim, muitos brasileiros não têm o que comer. Isso ocorre porque enquanto alguns podem comprar em excesso, muitos não podem comprar nem o necessário à sobrevivência. Assim, pode-se afirmar que a fome e o desperdício de alimento formam um infeliz paradoxo na realidade brasileira.

Por um bom tempo, acreditou-se que o crescimento da população provocaria uma crise de fome no planeta, ideia sustentada pela teoria de Thomas Malthus, que acreditava que a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética, enquanto a população cresceria em progressão geométrica. Portanto, aquela não conseguiria acompanhar esta.

Atualmente, entretanto, sabe-se que essa teoria é errônea: a produção acompanhou – e acompanha -, sim, a população. Aliás, no Brasil, essa produção chega a superar a quantidade necessária, sendo em 2011 25,7% maior do que seria preciso. Então, por que o problema da fome?

Kubrick e a educação

Os livros da coleção “Primeiros Passos”, publicados pela editora Brasiliense, são alvo de severas críticas em relação à suposta superficialidade com que tratam os temas propostos. São livros bastante comerciais devido ao padrão encontrado em seus títulos (“O que é...”). E aqui não podemos negar que títulos como esse, se levados ao “pé da letra”, são extremamente pretensiosos e irrealizáveis em termos de “totalidade” do conteúdo, negligenciando a historicidade e a contextualização dos conceitos e definições, mas o caráter propedêutico (introdução a estudos mais desenvolvidos de determinada disciplina) desses livros é bastante proveitoso e importante para muitos iniciantes. Dentre os mais de 300 números dessa publicação, li apenas três: História, de Vavy Pacheco Borges; Dialética, de Marilena Chauí; e Educação, do antropólogo Carlos Rodrigues Brandão. Considero os dois últimos os mais completos, em termos propedêuticos, mas tentarei discorrer apenas sobre “O que é Educação”, livro que alcançou imensa popularidade, passando de quarenta edições publicadas no Brasil.

Persépolis

Uma garota de oito anos, iraniana, nascida em uma família moderna e politizada, sonha em ser profetiza quando crescer, pois assim terá poder para mudar o mundo – planos discutidos com Deus, com quem costuma conversar –, admiradora de ícones como Che Guevara, Fidel Castro e Trotsky, vive, em 1978, uma revolução para tirar do poder o ditador Xá. Essa é a história narrada por Marjane Satrapi em sua incrível e emocionante autobiografia em quadrinhos, que passa pela infância, adolescência e a idade adulta, mostrando seu amadurecimento em relação à política e à cultura de seu povo, fazendo referência à antiga capital do império Persa, Persépolis, que dá o nome ao livro.

Entretanto, a tentativa revolucionária de derrubar mais uma dominação política entre tantas já vividas pelo povo persa desde a invasão árabe, no ano de 642 - o que levou os persas, arrasados, a adotarem o islamismo, mais uma vez acabou com o poder sendo tomado por um regime injusto e autoritário, fato conhecido historicamente como a Revolução Islâmica, que deu origem à República Islâmica que dura até hoje no Irã. Foram mais oito séculos nos quais a Pérsia não existiu como uma nação independente e autônoma, mas nos quais, impressionantemente, manteve suas tradições culturais e sua língua.