Ligados pelo amor



Em uma mistura de drama com comédia romântica, o filme que irei apresentar conta a história de uma família com problemas amorosos. Colocado desta forma, parece mais um dos milhares de filmes que falam de amor, bastante clichê. Mas talvez seja o fato de essa família ser uma família de escritores que faça a diferença. Ou ainda por tratar os problemas do coração sob várias perspectivas, através de um escritor famoso e premiado que ainda espera pela sua esposa que o deixou há três anos, sua filha às vésperas de publicar seu primeiro livro que não acredita no amor e seu filho sensível e apaixonado por uma garota problemática. Ou por trazer atores como Logan Lerman, Lily Collins e Greg Kinnear, entre outros, que fizeram um ótimo trabalho. Ou por trazer personagens com os quais nós nos identificamos bastante, principalmente para os escritores. Ou talvez, só talvez, seja tudo isso junto, aliado a inúmeros outros detalhes, a razão de Ligados pelo amor ser um filme incrível e extremamente cativante.

Sob a direção de Josh Boone, o longa narra um ano bastante conturbado vivido pela família Borgens. Bill (Greg Kinnear), autor de livros renomados, três anos após o divórcio, ainda espiona a nova vida de sua ex-mulher, Erica (Jennifer Connelly), pela janela e não consegue seguir em frente tanto na vida pessoal quanto na profissional. Ele é pai de Samantha (Lily Collins) e Rusty (Nat Wolff), que esfrutam de uma amizade entre irmãos admirável e compartilham o sonho de serem escritores. No entanto, além do fato de terem os mesmos pais, as semelhanças e afinidades acabam por aí.

Sam não acredita no amor e o evita a todo custo, fruto de ser traumatizada por um acontecimento familiar durante sua adolescência e, como consequência, não fala com a mãe há mais de um ano, simplesmente ignora a sua existência; seus relacionamentos não duram mais que uma noite; segue à risca o conselho de seu pai de que um bom escritor precisa ter muitas experiências; e expressa seus pensamentos em relação ao amor e ao casamento através da escrita, usando desta como uma barreira para os seus sentimentos.

Totalmente o oposto da irmã, Rusty a considera promíscua. Um jovem romântico, sensível e apaixonado por Kate (Liana Liberato), uma garota da sua classe de inglês que possui problemas com drogas. Grande fã de Stephen King, não é tão auto-confiante quanto a irmã no que diz respeito a sua escrita, apesar de possuir tanto potencial quanto. Mantem um bom relacionamento com a mãe, mesmo após o divórcio, e não a culpa pelo ocorrido. A escrita é o seu refúgio.




Apesar de a trama girar em torno dos três protagonistas sem dar ênfase especial a nenhum deles, sem dúvida, a história de Sam é a que mais se destaca, ela é a personagem que mais evoluiu durante o ano que se passa no filme. Tudo muda quando ela conhece Louis (Logan Lerman), um garoto com quem faz uma matéria na faculdade que também deseja ser escritor e que demonstra um interesse sincero por ela, alguém que inspira “romance e boas intenções” segundo Sam, o que ela logo descarta. Mas, para sorte de ambos, Louis realmente inspira boas intenções e não desiste fácil.

Com o desenrolar do filme, vemos Bill tentando seguir em frente sem deixar de ser o “paizão” que ele aparenta ser e é, enfrentando dificuldades para superar o sofrimento sem abrir mão da esperança de ter a sua esposa de volta. Rusty, amando e sofrendo, conquista Kate mas tem muito a aprender com isso. Além da complexa Sam que vai aos poucos vendo tudo em que ela acreditava mudar, suas opiniões e convicções, não só em função de Louis, mas também ao descobrir o motivo por trás da espera de seu pai, vivendo um drama com a exclusão da própria mãe da sua vida, enquanto Louis e sua mãe enfrentam juntos o seu próprio drama, o que, por sua vez, também ensinará grandes lições para Sam.

Em Ligados pelo Amor (Stuck in Love no original), os personagens não são os únicos que aprendem com o decorrer da história, o filme traz muitas reflexões para a nossa vida. Impossível não se deixar cativar pelos personagens, impossível não se emocionar, não sorrir e chorar junto. Eu, com certeza, não consegui exprimir aqui tudo o que senti ao assistir ao filme, talvez somente o assistindo seja possível entender o que quero dizer, mas a sensação que tive foi a de que eu queria estar ali, fazer parte daquela história, conviver com aquelas pessoas, aprender com elas. E não acho que eu tenha sido a única a ter esse sentimento. É um filme que com certeza deve constar na sua lista de filmes para assistir o mais rápido possível.


Trailer de Ligados pelo amor.

Fonte das imagens (respectivamente): Tom Hack e Wilmon Film.

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