Mulher gosta de apanhar?

Foi numa manhã de terça-feira, num rotineiro café-da-manhã que tomava com Creusa, diarista que trabalha no meu apartamento uma vez por semana, uma jovem senhora de cabelo loiro, pele branca que contrasta com as bochechas rosadas e um sorriso infantil, que ouvi a frase “eu sofri violência doméstica por vinte e oito anos”.

Tal confissão despertou não só minha indignação, mas minha curiosidade também. Por que alguém viveria num relacionamento abusivo por quase três décadas? Muitos simplesmente proferem a falácia que “mulher gosta de apanhar”, mas eu, principalmente como mulher, me recuso a acreditar nisso, e sei que é algo que vai muito além. Para mim, “mulher gosta de apanhar” é um reflexo de uma sociedade que sempre culpa a mulher – até pela violência que ela mesma sofre –, dita por pessoas que desconhecem o que se passa nesses relacionamentos. Filhos, dinheiro, medo, vergonha, religião e até mesmo amor se envolvem e, mesmo tendo a Lei Maria da Penha para a proteção feminina desde 2006, ainda é difícil se ver livre de um relacionamento abusivo.

50 anos de Golpe Midiático




“50 anos do Golpe Militar: como afeta a economia do Brasil até hoje?”- Foi assim que o Bom Dia, Brasil, jornal da manhã da Rede Globo, se referiu à data histórica de 31 de março de 2014, dia em que o Golpe Militar brasileiro completou 50 anos. A ditadura militar brasileira durou mais de duas décadas e deixou cerca de 400 mortos e desaparecidos. Diante de tudo isso, questiono: seriam os efeitos na economia o assunto de maior relevância para se colocar em um dos telejornais mais vistos no país? Será que não tinha nenhum aspecto de maior interesse público a se abordar?